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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Adoções de crianças têm crescido no Ceará

Apesar de a adoção a nível nacional andar a passos lentos, no Ceará, a realidade tem sido diferente. Até o dia 12 de maio deste ano, no Ceará, 28 crianças foram adotadas, conforme informou a chefe do setor de Cadastro de Adotantes e Adotados do Fórum Clóvis Beviláqua, Gabriella Costa. 
Segundo Gabriella, no Estado, ainda existem 74 crianças e adolescentes, disponíveis para adoção. Por outro lado, revela que existem 179 requerentes habilitados para adotar.
Entre os motivos que tem feito a filar andar de maneira célere, a chefe do Cadastro de Adoção no Ceará lembra a especialização da 3ª Vara da Infância e da Juventude, que ocorreu, em junho de 2014, e que tem à frente a juíza Maria Alda Holanda.
“A especialização da 3ª Vara provocou um salto muito grande, não só com relação à quantidade de adoções nos últimos dois anos, mas no tocante à destituição das crianças como menos de dois anos, o que leva a acelerar todo o processo de adoção”, ressalta.
Gabriella recorda que, em 2015, ocorreram 37 adoções, quantitativo 100% a mais que em 2014, que ocorreram apenas 17. “A especialização da Vara possibilitou agilidades aos processos, unificando responsabilidades como o julgamento dos processos cíveis, os pedidos de guarda e tutela, ações de destituição do poder familiar, como por requerimentos de adoção.
Acima de três anos
Contudo, um dos entraves que tem impedido de a fila andar mais rápido, fazendo com que dezenas de crianças permaneçam nas instituições de acolhimento, é a escolha do perfil dos pretendentes. “Nosso papel é orientar e mostrar a realidade para os pretendentes. É bem verdade, que a fila andará dependendo do perfil do requerente. Se querem um criança menor de dois anos, é possível uma espera de em média, cinco anos, quem quer uma criança com até três anos, pode esperar até um ano e meio. Já as que querem adotar acima de três anos, pode ter a adoção homologada em menos de um ano”, informa.
A chefe municipal do CNA frisa ainda que é vedado aos pretendentes as visitas aos abrigos, para evitar que ao visitar uma a instituição, o pretendente se apaixone por uma criança que não está para adoção, que ainda esteja sendo trabalhada a manutenção do vínculo com a sua família.
“Não há garantias de ter um filho perfeito, mas não nos cabe interferir, apenas mostrar os dados e conversar sobre adoção de crianças acima de dois anos”, diz Gabriella sobre o trabalho e diálogo feito para conscientizar aos requerentes sobre a adoção tardia. “Quando os pretendentes vem ao nosso setor, nós reforçamos essa questão das adoções fora dos perfis exigido”, pontua.
Juizes desconhecem
Comemorando a vida nova dessas 28 crianças, que mais que ganharam uma nova família, ganharam segurança de vida e possibilidade de sonhar, o promotor de Justiça, Dairton Oliveira, afirma que a expectativa é que, até o final do ano, ocorram mais de 70 adoções no Estado. “Tudo isso a passos largos”, lembra.
Conforme o promotor de Justiça, outro obstáculo no tocante a adoção a nível estadual, é com relação a falta de informação jurídica por parte das comarcas. “Elas precisam ser capacitadas, para que a fila de adoção no Estado possa andar”, afirma, salientando que, “tem Juízes que não conhecem o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, pior, desconhecem a Lei de Adoção, embaralhando e atrasando todo o sistema”. O promotor de Justiça relata: “Tivemos acesso a informações de que os casais de Fortaleza, por exemplo, não estão sendo chamados para adotar no interior. E que tem gente de são Paulo, vindo pegar crianças no interior do Estado”.
O promotor de Justiça Dairton Oliveir alerta que no interior do Estado quando aparece uma criança para adoção, não tem se levado em consideração a primeira da fila do Conselho Ncional de Adoção (CNA), mas a quem teve oportunidade de aproximação primeiro da criança e deseja adotá-la.
ADOÇÕES NO ESTADO  
ANO ADOÇÕES
2010…………………………8
2011…………………………21
2012………………………..12
2013……………………….14
2014……………………….17
2015……………………….37
Maio de 2016………..28

Por que adotar?
Há quem cogite longinquamente a possibilidade de adotar uma criança, mas esbarra em contra-indicações socialmente difundidas, oriundas de um profundo preconceito que permeia o tema. As dúvidas que surgem nem sempre são teoricamente complicadas, mas antes passam por pré-concepções tão batidas em nossa vivência cotidiana, por nossos familiares, amigos e pela própria mídia. É a cultura do “filho de criação”, alguém acolhido materialmente por uma família, mas que não ostenta todos os requisitos inerentes a um filho de verdade, não se mistura no carinho integral que os membros da família se concedem mutuamente.
Deste vício inicial surgem muitas incompreensões que vão sendo tomadas como verdades eternas, sabedoria ancestral, que seguem a lógica falsa da prudência, apontando seu dedo torto para problemas inexistentes. São miragens míopes, que os moribundos do deserto da falta de afetividade pensam ser reais. Como os sedentos e esfomeados na areia escaldante, as pessoas que estão privadas de conviver com o amor pleno têm também delírios: enxergam oásis inexistente de vidas absolutamente seguras, longe de qualquer risco ou improviso. E com a visão entorpecida por esta ingênua pretensão, privam-se do melhor da vida e continuam sua viagem trôpega pelo deserto do afeto.
O filho adotivo é tão amado como o biológico? É essa a primeira dúvida que surge quando alguém pensa em adotar. Não se deve pensar que é crime ter tal insegurança, já que ela faz parte de nosso ideário social há décadas. Crime é não superá-la, pelo espírito de amor revolucionário que existe em potencial em cada um de nós. Amor divino, que não se submete a lógicas egocêntricas e a determinismos cafonas, fora de época.
O filho adotivo é uma dádiva: um ser que o pai adotivo não poderia nunca ter gerado, por advir biologicamente de outros cromossomos, mas que permite que ele destine a jazida de afeto que estava ociosa em seu peito. Na verdade só os filhos adotivos são amados. Mesmo os filhos biológicos são adotados por seus pais biológicos, quando há amor e cuidado. O Psicólogo Luiz Schettini Filho costuma dizer que todo filho é biológico e adotivo: biológico porque é o único meio de se vir ao mundo e adotivo porque precisa ser amado, amparado e criado. Assim, para crescer com segurança emocional todo ser humano precisa ser adotado. Daí inexistir nenhuma distinção entre a filiação biológica e adotiva, em relação ao amor que se sente. O amor é adotivo. Se há amor, é caso de adoção, mesmo que o filho tenha sido gerado pelo pai.
Podemos, então, esquecer completamente o mito da filiação biológica como passaporte garantido para uma relação amorosa entre pais e filhos. Os abrigos abarrotados de filhos biológicos que não foram adotados por seus genitores são um testemunho trágico de que ter sido gerado por alguém não importa necessariamente na existência de amor. Os adolescentes de classe média, andando de moto e usando drogas, largados nas cidades por pais desleixados também demonstram o mesmo.
Pois então podemos ser livres para amar o diferente e celebrar os encontros de alma. Não precisamos imitar o que a natureza eventualmente negou. Pode o branco amar o negro e vice-versa, na qualidade ímpar de pai e filho, fazendo das famílias uma dádiva da brasilidade, famílias coloridas e amorosas, que escolheram o amor como elemento de liga. Quem ama adota.


As informações são do jornal O Estado CE

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