Com domínio de redutos políticos regionalizados, prefeitos e
ex-gestores têm usado o cargo no Executivo municipal para alçar voos
para o Legislativo. Dos 23 parlamentares que renovam a atual bancada da
Assembleia Legislativa, que hoje tem 46 deputados estaduais, seis foram
prefeitos recentemente ou são parentes diretos de gestores.
Enquadram-se nessa situação Agenor Neto (PMDB), de Iguatu; Jeová Mota
(PROS), de Tamboril; Odilon Aguiar (PROS), de Tauá; Augusta Brito
(PCdoB), de Graça; e Robério Monteiro (PROS), de Itarema, que estiveram
no poder até 2012. Carlos Felipe (PCdoB), reeleito prefeito de Crateús
em 2012, renunciou ao cargo depois de cumprir um ano do segundo mandato
para concorrer à vaga na Assembleia. Agenor Neto já havia exercido
mandato de deputado antes de assumir como prefeito.
Em quase todas as situações, os parlamentares que já ocuparam cargos de
prefeito no Estado foram os mais votados na disputa por uma cadeira de
deputado em seus municípios. A exceção ficou para a deputada eleita
Augusta Brito, que, por apenas 415 votos, ficou atrás do presidente da
Assembleia Legislativa, José Albuquerque (PROS), na votação para
deputado estadual no município de Graça. Além de ter sido prefeita da
cidade, Augusta contou com o apoio do marido, Gadyel Gonçalves, que é
prefeito de São Benedito.
Na opinião de especialistas entrevistados pelo Diário do Nordeste, a
tendência é que gestores bem aprovados em seus municípios de origem
continuem na política atuando em outros cargos. "São lideranças locais
que se notabilizaram e que se elegeram, se tornando lideranças
estaduais", aponta Mirtes Amorim, professora aposentada de Filosofia
Política da Universidade Federal do Ceará (UFC).
De acordo com o cientista político Paulo Baía, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), gestores de municípios do
Interior têm vantagem sobre os concorrentes devido à experiência com
eleições anteriores e pela proximidade com eleitores. "Eles conseguem
boas alianças com deputados federais que facilitam o financiamento das
suas campanhas. Além de candidatos, (os prefeitos) são bons cabos
eleitorais", destacou.
Rejeitados
Paulo Baía pondera que, para obter êxito na eleição, os ex-prefeitos
não podem ser rejeitados pelos eleitores, uma vez que eles serão
lembrados pelo motivo da rejeição nas urnas. Ainda segundo o professor,
em média 20% a 25% das assembleias legislativas estaduais do País são
compostas por ex-prefeitos ou secretários dos municípios.
No caso da Assembleia Legislativa do Ceará, 19,5% dos deputados da
próxima legislatura são ex-prefeitos - quando somados aos que são
parentes diretos dos gestores, a proporção sobe para 32%. "Isso não
aconteceu apenas no Ceará, mas em todo o Brasil. É uma tendência
nacional", pontuou Baía.
Com informações do Diário do Nordeste
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