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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

15,8% da população cearense não sabe ler ou escrever, aponta pesquisa

Apesar dos avanços dos últimos anos, o analfabetismo ainda atinge um número alarmante no Estado. São 1,067 milhão de cearenses que não sabem ler ou escrever um simples bilhete, número que corresponde a 15,8% dos habitantes com 15 anos ou mais. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas ontem a partir de dados coletados em 2013. No ano anterior era 1,325 milhão nesta situação, 16,4% da população.
Para o chefe da unidade estadual do IBGE, Francisco Lopes, o efeito positivo das políticas de educação dos últimos anos contribuiu para reduzir o número de analfabetos. "São os grupos etários de 40 anos ou mais que elevam a taxa de analfabetismo", avalia. Segundo ele, os sem escolaridade correspondem a 36,6% deste perfil no Ceará e 34,8% na Região Metropolitana de Fortaleza.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, a situação no Nordeste é proporcionalmente pior, com 16,6% de analfabetos com 15 anos ou mais (7 milhões de pessoas), sendo a maioria composta por homens (3,645 milhões). Em 2012 eram 17,4% do perfil pesquisado na Região 7,2 milhões). Com relação à faixa etária, 95,7% tem 25 anos ou mais. Isso significa que apenas 2,4% dos nordestinos entre 15 e 24 anos não possuem escolaridade. Contudo, no cômputo geral, o Nordeste continua com a maior concentração de analfabetos, sendo 53,6% do total.
No Brasil, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade era de 8,7% em 2012 (13,3 milhões de pessoas). No ano passado, a proporção caiu para 8,3% (13 milhões) da população estudada.
O analfabetismo funcional, que considera pessoas na mesma faixa etária e com menos de quatro anos de estudo, também caiu no País, de 18,3% para 17,8% no mesmo período.
O fenômeno se repetiu em todas as regiões brasileiras, mas ainda é maior no Nordeste, onde a taxa caiu de 28,4% para 27,2%. A região Norte vem em seguida, com 21,6%, 0,3 ponto percentual a menos que no ano passado.
Análise
O economista e consultor da Secretaria da Educação do Estado (Seduc) na área de avaliação, Daniel Lavor, explica que para se fazer uma análise mais precisa dos números do analfabetismo, é preciso levar em conta a faixa etária. "Para essa questão, o mais importante é isolar por grupos de idade. A população de 15 a 17, ou de 15 a 19 anos teve melhoria", afirmou.
Lavor ressalta que, na primeira faixa, 99,1% eram alfabetizados em 2013 (no ano anterior eram 98,8). Já no grupo de 17 a 19 anos, a porcentagem foi de 98,8% no ano passado e 98,6% em 2012.
"Isso reflete a atual política de educação", destacou. O especialista disse ainda que, como o cálculo leva em conta toda a população acima de 15 anos, a própria melhoria da qualidade de vida eleva a taxa de analfabetismo, que se concentra na população mais velha.
Menos alunos
O fenômeno também estaria por trás da redução do número de estudantes com quatro ou mais anos em 2013, na comparação com o ano anterior. São 20 mil alunos a menos de um ano para o outro (de 2,524 milhões para 2,504 milhões). Em igual período e na mesma faixa etária, a população aumentou em 88 mil pessoas (de 8,258 milhões para 8,346 milhões).
De acordo com Daniel Lavor, a redução pode ser explicada pelo "embarreiramento" de alunos no Ensino Médio, que, conforme ele, tem uma taxa de reprovação muito alta no primeiro ano. "À medida que isso vai diminuindo, se reduz também a taxa de estudantes", completou. Para o especialista, a maioria dos cearenses está na escola, mas não está na faixa correta.
Entretanto, o economista reconhece que as conclusões devem ser acompanhadas de outras análises, que poderiam esclarecer se a diminuição de alunos se deve ao abandono ou ao crescimento dos concludentes do Ensino Médio.
O IBGE tem uma explicação semelhante. Segundo Francisco Lopes, o envelhecimento dos cearenses também contribui para a diminuição aparente de estudantes. "A nossa população está diminuindo nas faixas menores, as pessoas de quatro ou cinco anos em diante que têm reduzido o seu percentual, além daqueles que concluem o Ensino Médio".

Com informações do Diário do Nordeste

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