Com o agravamento da crise, Temer vê membros da própria base aliada articulando sua sucessão (Foto:Lula Marques/Fotos Públicas) |
Mesmo sob avisos repetidos de Michel Temer (PMDB) de que não renunciará,
partidos aliados já articulam, nos bastidores, nome que o substituirá
em caso de eleição indireta. O clima tenso em Brasília eleva as apostas
de que, se não deixar o cargo voluntariamente, ele poderá ser cassado
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou mesmo ser afastado.
Os
nomes postos são vários, mas os que aparecem com mais força nas
articulações da base são o do ex-ministro Nelson Jobim (PMDB), o do
cearense Tasso Jereissati (PSDB) e do ministro da Fazenda Henrique
Meirelles. Na liderança das conversas, tucanos e peemedebistas discutem a
possibilidade de Jobim e Tasso comporem uma só chapa, como presidente e
vice, respectivamente.
Ambos permanecem calados. Procurado por
meio da assessoria de imprensa, o cearense não se manifesta sobre o
assunto e pede “cautela” na discussão sobre a conjuntura nacional. Já
segundo amigos e interlocutores de Jobim, ele prefere afirmar que ainda
há chances de Temer permanecer de pé se tirar o governo da paralisia e
conseguir votar as reformas trabalhista e previdenciária.
O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília,
acredita que a chapa Jobim-Tasso é a mais forte no momento, “porque eles
vão manter o Meirelles na Fazenda e, em princípio, conservar alguns
ministros e remover gentilmente os acusados”.
“O Jobim é o único
nome que o PMDB tem para apresentar, e o Tasso é um nome interessante
porque é fora do eixo de São Paulo”, avalia. Ele ressalta, porém, que
isso é o que se discute hoje, “mas amanhã tudo pode mudar, a situação de
Brasília é inconstante”. Para Fleischer, porém, Temer até o momento não
considera a possibilidade de renúncia negociada. “Ele está mais
negociando sua própria pele agora”.
A defesa de Jobim aparece com
mais força pela expectativa de que ele, ex-ministro de Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Dilma Rousseff (ambos do PT), teria mais
condições de dialogar entre os diversos grupos políticos e aprovar
reformas com mais tranquilidade. A experiência como presidente do STF e
ministro da Defesa também o aproxima de membros do Judiciário e com as
Forças Armadas.
Mais nomes
Meirelles é
figura que é especulada desde o estopim da crise, na última
quarta-feira, 17. A avaliação da base é que ele não pode deixar o
governo, pois seria peça fundamental para aprovação das reformas.
O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também tem
nome ventilado, pela influência no baixo clero, mas tem pouca simpatia
dos grandes partidos. A presidente do STF, Cármen Lúcia, também aparece,
mas demonstra pouco interesse e não é filiada a partido.
SAIBA MAIS
Em
meio à intensificação da crise política, cresce nos bastidores a
especulação de que Temer negocia, com aliados, um forma de renunciar e
ficar livre de processos. Portais nacionais falavam em possibilidade de
o presidente conseguir um indulto para se livrar de penalizações caso
seja condenado por corrupção.
O professor de direito
constitucional do Ibmec de Minas Gerais, Vladimir Feijó, explica que a
saída seria complicada e pouco provável. Isso porque o indulto, sendo
um perdão presidencial, só pode ser dado a alguém já condenado, e Temer
não poderia prever quando sairia sua condenação para negociar com
antecedência o perdão.
Há outras possibilidades de sair ileso,
porém. Feijó enumera o pedido de asilo em outro país ou uma Lei de
Anistia aprovada pelo Congresso Nacional. “A anistia é uma situação um
pouco mais provável, mas é um grande perigo que a sociedade brasileira
vive há algum tempo, com a classe política aprovando coisas que a
beneficiam”, afirma.
A Lei de Anistia teria que perdoar os
crimes pelos quais Temer é acusado, por um determinado período de
tempo, e causaria grande repercussão nacional, tornando o cenário mais
difícil para o governo. Por enquanto, a tendência é que Temer tente
continuar resistindo no cargo, não se sabe por quanto tempo.
As informações são do O Povo Online
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