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terça-feira, 22 de março de 2016

Em 10 anos, taxa de homicídios no Ceará cresceu 166,5%, diz Ipea

Foto: Reprodução / Internet
O Ceará ocupou a segunda colocação no Brasil na taxa de homicídios em 2014, quando foram registradas 52,2 mortes por grupo de 100 mil habitantes. O Estado perdeu apenas para Alagoas, onde a taxa de homicídios alcançou 66 homicídios por 100 mil habitantes.
Em 10 anos – de 2004 a 2014 – houve um crescimento de 166,5% no número de homicídios registrados no Ceará. Em 2004, o índice cearense era de 19,6%. No Brasil, a taxa de homicídios cresceu 21,9%. Considerando os dois últimos anos abordados pela pesquisa, o Estado registrou 4.465 homicídios em 2013 e 4.620 em 2014, o que representa crescimento de 3,5% em um ano. Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2016, divulgado nesta terça-feira (22), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Microrregiões
Três microrregiões do Ceará aparecem entre as 20 mais violentas do país, em 2014. Em segundo lugar está Fortaleza, que apresenta taxa de 81,1 homicídios por grupo de 100 mil habitantes. Em terceiro lugar está Pacajus, com 129.680 moradores; o município registrava 80,6 homicídios por grupo de 100 mil habitantes, em 2014. A aglomeração urbana de São Luís (MA), encabeça a lista, com 84,9 homicídios/100 mil habitantes.
Na 12ª posição entre as 20 microrregiões maios violentas do país, encontra-se a região do Baixo Jaguaribe, que apresentava taxa de 66,4 homicídios por 100 mil habitantes. Com uma população de 324.771 habitantes, a microrregião é formada pelos municípios de  Alto Santo, Ibicuitinga, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Palhano, Quixeré, Russas, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte.
“Ao analisar as 20 microrregiões com maior crescimento das taxas de homicídios, verificamos dois pontos importantes. O primeiro é a velocidade com que a piora veio ocorrendo. O segundo ponto extremamente preocupante é que esse esgarçamento das condições de segurança alcançou localidades que, até o início dos anos 2000, eram bastante pacíficas. Esse crescimento acelerado dos homicídios em localidades interioranas e até pouco tempo atrás bastante pacíficas coloca um enorme desafio ao Pacto Nacional pela Redução dos Homicídios, anunciado recentemente pelo Ministério da Justiça, que focará nos 81 municípios com maiores índices de homicídios”, ressaltam os pesquisadores.
Confira abaixo a taxa de homicídios em cada região do Ceará, segundo o Ipea.
Microregião Taxa de homicídio por 100 mil habitantes
Baixo Curu 38,51
Baixo Jaguaribe 66,82
Barro 10,78
Baturité 41,35
Brejo Santo 13,49
Canindé 29,26
Cariri 47,54
Caririaçu 15,63
Cascavel 39,62
Chapada do Araripe 27,51
Chorozinho 34
Coreaú 10,32
Fortaleza 81,12
Ibiapaba 21,03
Iguatu 29,23
Ipu 11,47
Itapipoca 20,52
Lavras da Mangabeira 15,64
Litoral de Aracati 25,24
Litoral de Camocim e Acaraú 15,65
Médio Curu 22,53
Médio Jaguaribe 64,43
Meruoca 11,64
Pacajus 80,6
Santa Quitéria 23,1
Serra do Pereiro 25,29
Sertão de Crateús 17,92
Sertão de Inhamuns 24,13
Sertão de Quixeramobim 36,65
Sertão de Senador Pompeu 30,08
Sobral 41,17
Uruburetama 42,25
Várzea Alegre 17,13
Morte de jovens
O Atlas da Violência também mostra que entre 2004 e 2014 houve um crescimento de 244,1% no número de jovens assassinados no Ceará, quando o número passou de 823 em 2004, para 2.832, em 2014. Verificando os dados dos dois últimos anos considerados no estudo, houve aumento de 5% nos homicídios de jovens na faixa etária de 15 a 29 anos no Estado.
Considerando a taxa do 100 mil habitantes, em 10 anos o Ceará apresentou variação de 227,9% e de 5,3% no período de 2013 a 2014.  Em 2004, o Estado apresentava 35,4 mortes de jovens por grupo de 100 mil habitantes, taxa que chegou a 117,4, em 2014, quase o dobro da taxa registrada pelo Brasil, de 61,0. Em 10 anos, a taxa homicídios no Brasil apresentou crescimento de 15,6% e nos dois últimos anos da pesquisa, 4,4%.
De acordo com os pesquisadores, o pico dos homicídios entre a população masculina ocorre aos 21 anos. A pesquisa também mostra que a proporção de mortes para os indivíduos que possuem menos do que oito anos de estudo, em relação àqueles com grau de instrução igual ou superior a esse limite, as chances de vitimização para os indivíduos com 21 anos de idade e pertencentes ao primeiro grupo são 5,4 vezes maiores do que os do segundo grupo.
“Seria possível afirmar que a educação é um escudo contra os homicídios […]. As chances de um indivíduo com até sete anos de estudo sofrer homicídio no Brasil são 15,9 vezes maiores do que as de alguém que ingressou no ensino superior, o que demonstra que a educação é um verdadeiro escudo contra os homicídios”, alerta o documento.
Secretaria
Em 2015, o Ceará reduziu o número de crimes violentos letais e intencionais (CVLI) em 9,5%. Na comparação com 2014, foram 420 mortes a menos, entre homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, de acordo com informações divulgadas em janeiro de 2016 pela Secretária da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Essa redução ultrapassou a meta de 6% que o estado tinha estabelecido.
Em números absolutos, foram registrados 4.019 casos de CVLI, em 2015; em 2014, foram 4.439. Essa redução também atingiu a meta de 5% do Programa Nacional de Redução de Homicídios, conforme o Governo do Estado.
A SSPDS afirma que mantém ações contínuas para consolidar a redução da criminalidade, entre elas, a ampliação do policiamento especializado no Interior, com novas unidades do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), Batalhão de Divisas e Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). A reestruturação do trabalho desenvolvido pelo Comando de Policiamento Comunitário (CPCom - Ronda), por meio da atuação nas Unidades Integradas de Segurança (Unisegs), cuja primeira foi inaugurada no último dia 5 deste mês, no bairro Vicente Pinzon, em Fortaleza e que prevê ainda a ampliação do número de delegacias funcionando durante 24 horas. 
A secretaria destaca ainda o trabalho realizado dentro do programa Pacto por um Ceará Pacífico, coordenado pelo Governo do Estado e que congrega parcerias com prefeituras, diversas secretarias estaduais e municipais, os demais poderes públicos, instituições não-governamentais e privadas, entre outros "Atores importantes para a prevenção, bem como para maior efetividade das ações implementadas, na busca por um Ceará mais seguro e com mais oportunidades para toda a população", segundo a SSPDS.


As informações são do G1/Ce

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