Servidores fazem manifestação em Santana do Cariri por falta de pagamentos(Foto:YPSILON FÉLIX) |
Os prefeitos não querem se responsabilizar pela dívida
anterior,mas os servidores cumpriram a sua função.Trabalharam e têm
que receber,disse Enedina Soares.
Em diversos municípios cearenses surgem denúncias de sucateamento das
administrações e os servidores reclamam da falta de pagamento.A
problemática se torna comum a cada início das novas administrações
municipais, e o Ministério Público do Estado chama a atenção em relação a
esses casos,principalmente nas administrações que,a partir das
denúncias,querem forçar a decretação de emergências.Nesses casos,o
gestor poderia comprar sem licitar,e esse é o foco de atenção dos
órgãos da Justiça e fiscalizadores
Na
região Sul do Estado,municípios como Santana do Cariri,os servidores
efetivos e cargos comissionados reclamam da falta de pagamento desde o
mês de outubro,do ano passado.A Prefeitura local justifica a falta de
dinheiro em caixa para cobrir a folha de pagamento,além de não poder
realizar serviços básicos na cidade. Também alega vários bens da
administração danificados.Além disso,houve a extração do banco de
dados da Prefeitura,inclusive a base da folha de pagamento dos arquivos
eletrônicos,impossibilitando o envio da folha ao banco.
Enquanto
isso,os servidores estão revoltados com a situação,já que a
Prefeitura é a instituição que mais emprega na cidade,resultando num
reflexo negativo para a economia local.Depois de várias mobilizações,manifestações no Centro e na Câmara,foi divulgado pela prefeita local,Daniele Machado,que o pagamento dos salários está previsto para a
próxima segunda-feira,mas de novembro de 2012 e parte de dezembro do
mesmo ano.
Em cidades como Crato e Juazeiro do Norte,também
houve problemas de atraso salarial,mas em relação ao mês de dezembro.A
negociação junto aos sindicatos dos servidores locais facilitou a
resolução da problemática, mas em parte.Ontem,a Prefeitura do Crato
começou a efetuar o pagamento dos servidores efetivos,com finalização
da folha no dia 22.Já os comissionados e contratados,ficarão para uma
negociação posterior.No caso de Juazeiro,a solução encontrada pela
administração foi pagar apenas 50% dos salários,com a outra parte ainda
sem previsão.Os gestores das duas cidades justificam a ausência de
dinheiro em caixa,alegando obrigação não cumprida pelo prefeito
anterior.
A Federação dos Trabalhadores no Serviço Público
Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) tem feito acompanhamento dos
municípios que estão em dívidas com o funcionalismo.São mais de 20 em
todo o Estado,principalmente de contas do mês de dezembro e referentes
ao pagamento do 13º salário.
A orientação,segundo a presidente
da entidade,Enedina Soares,é negociar em busca de acordos e até
parcelamentos.Caso isso não ocorra,deve acontecer até a paralisação
dos serviços. "Os prefeitos não querem se responsabilizar pela dívida
anterior, mas os servidores cumpriram a sua função.Trabalharam e têm
que receber", diz ela.
Segundo o promotor de Justiça,Eloilson
Augusto da Silva Landim,assessor da Procuradoria dos Crimes Contra a
Administração Pública (Procap),nenhuma denúncia de município foi
formalizada em relação a essas questões nos municípios.Para o promotor,é uma responsabilidade dos novos gestores que assumem nesse momento,administrar com todos os problemas que herdam. "Essas situações são
perfeitamente constatáveis e não têm sido novidade",admite,ao
acrescentar que os prefeitos precisam continuar as administrações com o
que dispõem,inclusive pagando os servidores.
O servidor José
Thiago Soares, de Santana do Cariri, cobra da atual gestão municipal o
cumprimento do dever e o direito do povo. "Esse é o anseio de todos os
servidores públicos municipais,para que seja feita justiça",afirma.No
tocante a esse problema,o promotor ressalta que é uma obrigação do
poder público cumprir com os pagamentos,já que o município está
arrecadando."O prefeito municipal faz reclamações públicas,mas muitos
para decretar emergências",constata ele.
Eloilson Augusto ainda
ressalta casos em que é preciso haver cautela por parte dos municípios,principalmente no tocante aos casos de improbidade administrativa.O
promotor orienta que o prefeito deve apurar com severidade os atos na
época dos desmontes,principalmente realizando as auditorias,por
portaria,com comissão técnica,levantando todas as irregularidades,para depois formalizar as denúncias junto ao Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM) e Ministério Público.
Saúde em baixaEm
outras cidades como Mauriti e Mucambo,serviços básicos de atendimento à
saúde são prejudicados.Há mais de quatro décadas em funcionamento, o
Hospital e Maternidade São José,em Mauriti,atravessa o seu pior
momento,devido à falta de recursos. Há dívidas junto aos fornecedores,mais de R$ 70 mil só em medicamentos,e os salários dos 57 funcionários
não são pagos desde novembro do ano médicos,farmacêuticos,bioquímicos e
nutricionistas não recebem pagamento desde o último mês de dezembro.Ao
total,só com pagamento salarial,o hospital deve algo em torno de R$
100 mil.
A alternativa que vem sendo encontrada para manter os
serviços tem sido a intervenção municipal,para manter o equipamento
funcionando.
Em Mucambo,o Hospital Municipal,referência na
região,se encontra com equipamentos enferrujados,medicamentos vencidos
e os corredores com lixo acumulado.A porta da ambulância é amarrada
com uma corda colocando em risco a segurança dos pacientes.Outra
situação grave é a do lixo hospitalar que não recebe o tratamento de
coleta devido e fica espalhado no terreno do hospital.Em grande parte
dos municípios,os atendimentos por parte do Programa de Saúde da
Família (PSF) estão sendo retomados. Segundo a Fetamce,a saúde é um dos
setores mais prejudicados com a falta de pagamento.
Diário do Nordeste
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