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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Brasil atinge menor desigualdade de renda desde 1981

Pesquisa do IBGE revela que Coeficiente de Gini, que mede disparidade de riqueza,foi de 0,508,ainda alto em relação a países desenvolvidos;30,6% dos lares não têm condições de habitação totalmente adequadas

Com Coeficiente de Gini de 0,508,apontado pela Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgada nesta quarta-feira(28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),o Brasil atingiu em 2011 sua menor desigualdade de renda em trinta anos - em 1981,o indicador era 0,583.O País,porém,continua um dos países mais desiguais do mundo,longe da média da União Europeia, cujo Gini - índice de zero a 1,que sobe com a disparidade de rendimentos- chegou a 0,305 em 2010 e no ano passado foi 0,290 na Alemanha,0,308 na França e 0,244 na Suécia.A pesquisa apontou outros sinais de queda na distância entre os ricos e os pobres brasileiros,como a redução na renda dos 20% mais ricos,de 60% para 57,7% do total de 2001 a 2011.Mesmo assim,no ano passado os 40% mais pobres ganhavam apenas 11% da riqueza nacional,diz o estudo.
O avanço da renda no País de 2001 a 2011 se deu em um cenário em que,segundo a SIS,disparou a renda de "outras fontes" para famílias com rendimentos domiciliares per capita de até 1/4 de salário mínimo ao longo da década estudada.Foi uma expansão de 5,3% para 31,5% dos rendimentos de 2001 a 2011.Na faixa de 1/4 a meio salário mínimo,também houve aumento:de 3,1% para 11,5%. Para os pesquisadores do IBGE,como as famílias pesquisadas são extremamente pobres,a hipótese mais provável para explicar esse aumento é a expansão ocorrida no período dos programas de transferência de renda como o Bolsa Família,pago a famílias carentes com filhos em idade escolar,e o Benefício de Prestação Continuada,destinado aos extremamente pobres.
"Esta modificação ocorreu apesar do rendimento do trabalho haver crescido o período",assinada a SIS."Para o grupo de até 1/4 do salário mínimo de rendimento familiar per capita,o rendimento médio de todos os trabalhos passou de R$ 273 para R$ 285,no período de 2001 a 2011,enquanto para os que estão na faixa de 1/4 a 1/2 salário mínimo aumentou de R$ 461 para R$ 524 (...)."As cifras foram corrigidas pelo INPC,por isso são comparáveis.O avanço no Gini seria maior se comparado ao indicador de 1960 - 0,497,o menor da história brasileira-,mas esse resultou de números do Censo Demográfico daquele ano, o que impossibilita a comparação com a SIS, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), inexistente à época. No critério do Censo, o menor Gini do Brasil foi o de 2010 - 0,526.
A SIS constatou ainda que subiu de 2,6% para 3,5% a renda dos 20% brasileiros mais pobres na mesma década. Ao aumento de 0,9 ponto porcentual no rendimento dos mais desfavorecidos correspondeu uma queda de 2,3 pontos na riqueza apropriada pelos 20% mais ricos. No mesmo período,o grupo social mais privilegiado viu sua renda, equivalente a 24 vezes o que ganhavam os 20% mais pobres em 2001,cair para 16,5 vezes em 2011.Apesar da queda, esse indicador ainda deixou o Brasil distante de alguns países desenvolvidos da Europa,onde a relação é de quatro a seis vezes.E a redistribuição foi desigual:pretos e pardos ganharam mais que as mulheres,constatou a pesquisa.
"Avançou-se mais na redução da desigualdade de raça que na de gênero",disse a pesquisadora Cristiane Soares,do IBGE."Em 2001, as mulheres ganhavam 69% dos homens,e em 2011, 73,3%.Já os pretos e pardos passaram de 50,5% do rendimento dos brancos para 60% no mesmo período.Enquanto eles avançaram quase dez pontos, as mulheres cresceram apenas 4,4 pontos."
O IBGE também avaliou a pobreza e a desigualdade com base em uma "perspectiva multidimensional", com indicadores monetários e não monetários,adaptando metodologia do Consejo Nacional de Evaluación de la Política de Desarrollo Social - CONEVAL, do México.A SIS constatou que 22,4% da população brasileira estava em 2011 vulnerável segundo critérios sociais e/ou de renda,mas esse porcentual tem fortes variações regionais.Chega a 40% no Norte e 40,1% no Nordeste (53% no Maranhão, Estado recordista), mas não passa de 11,3% no Sul.Nesse polo positivo,a unidade da Federação com melhor posição em 2011 era São Paulo,com apenas 7,7% da população vulnerável.
O estudo também aponta melhora em relação a 2001 na redução das carências de atraso educacional ( 39,3% para 31,2%),falta de acesso à seguridade social (36,4% para 21,3%),(má) qualidade dos domicílios (4,9% para 4%), acesso a serviços básicos (40,9% para 32,2%).Também houve queda na proporção de domicílios com ao menos uma dessas carências (70,1% para 58,4%) no mesmo espaço de tempo pesquisado.
Reproduzida do Estadão.com

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