Metade da população brasileira ainda
não tem esgoto coletado em suas casas e cerca de 35 milhões de pessoas
nem sequer têm acesso a água tratada no País. É o que revela
levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil com base nos dados de
2014 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS),
divulgados no mês passado pelo Ministério das Cidades.
O índice (49,8%)
coloca o Brasil em 11.º lugar no ranking latino-americano deste serviço,
atrás de países como Peru, Bolívia e Venezuela. Os dados dessas nações
são compilados pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal),
que divulga o índice de 62,6% para o Brasil porque inclui fossas.
Os números mostram que
a coleta de esgoto melhorou só 3,6 pontos porcentuais nos últimos cinco
anos e ainda está muito distante da meta estabelecida pelo Plano
Nacional de Saneamento Básico, que é atingir 93% de coleta no País em
2033.
“Caso se mantenha o
ritmo atual, estimamos que só teremos serviços de saneamento
universalizados a partir de 2050. Os patamares de atendimento do Brasil
se mostram modestos mesmo na comparação com seus pares
latino-americanos”, afirma Gesner Oliveira, ex-presidente da Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e autor do estudo.
Segundo o
levantamento, metade dos R$ 12,2 bilhões investidos em saneamento no
País ficou concentrada nas cem maiores cidades brasileiras. Mas, segundo
o estudo, 64% das cidades analisadas investem menos de 30% do que
arrecadam com a tarifa de água e esgoto cobrada dos consumidores.
“O avanço, além de
lento, é desproporcional. Só as 20 melhores no ranking do saneamento
investem, por habitante, duas vezes e meia a mais do que as 20 piores”,
afirma o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison
Carlos.Cidades. O ranking nacional feito pelo Trata Brasil com as cem
maiores cidades mostra que apenas dois municípios, Belo Horizonte (MG) e
Franca (SP), têm 100% de esgoto coletado. Piracicaba (SP), Contagem
(MG) e Curitiba (PR) têm mais de 99%. Já as cidades de Ananindeua e
Santarém, no Pará, são as duas piores do ranking, com nenhum esgoto
coletado.
“Estamos separando o
Brasil em ‘ilhas’ de Estados e cidades que caminham para a
universalização da água e esgotos, enquanto que uma grande parte do
Brasil simplesmente não avança. Continuamos à mercê das doenças”, afirma
Carlos.
Já quando a análise é
sobre o esgoto tratado, o índice nacional cai para 40,8%, apesar da
pequena melhora de 2,9 pontos porcentuais desde 2010. Apenas três
cidades paulistas (Limeira, Piracicaba e São José do Rio Preto) tratam
100% do esgoto coletado. Por outro lado, cinco municípios, entre os
quais Governador Valadares (MG), Porto Velho (RO) e São João de Meriti
(RJ), não tratam nada.
Os dados mostram ainda
que o índice nacional de perdas de água na distribuição, que mede o
desperdício na rede pública, foi de 36,7% em 2014, ano marcado por grave
crise de estiagem no Sudeste e Nordeste do Brasil. Os melhores índices
foram registrados nas cidades paulistas de Limeira, Ribeirão Preto e
Santos, todos com menos de 19% de perdas. Na capital, foi de 34,2%.
Da Agência CNM, com informação da Agência Estado

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