Foram cortados R$ 25,5 bilhões dos
gastos com programas sociais previstos em 2016, em relação ao orçamento
deste ano, segundo levantamento realizado com números oficiais do
Ministério do Planejamento. A tesourada atingiu até mesmo a construção
de creches, unidades básicas de saúde e cisternas.
A maior redução de
aportes em investimentos sociais do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), Minha Casa Minha Vida e Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
O governo foi obrigado
a abrir mão da promessa para tentar recuperar a confiança dos
investidores na economia brasileira. Se somados os cortes adicionais em
projetos do PAC que ainda não estão definidos o enxugamento em 2016 pode
chegar a R$ 29,34 bilhões.
O corte dos programas
expõe a contradição que vive a presidente e seus ministros nesse cenário
de crise econômica e política. Por um lado, precisa provar que o
governo está “cortando na carne” para garantir o esforço fiscal, como
cobram parlamentares, economistas e empresários. No entanto, com a
popularidade na mínima histórica evita falar sobre o sacrifício em
programas sociais, bandeira de sua campanha à reeleição presidencial.
Cortes
O tamanho do corte nos
programas sociais corresponde a 74% do superávit primário prometido
pela União em 2016: R$ 34,44 bilhões. Para o economista Mansueto
Almeida, especialista em finanças públicas, a presidente não teve outra
saída, mesmo que tenha preferido adotar um “corte envergonhado”.
O corte nesses
programas alimenta a briga dos gabinetes na Esplanada dos Ministérios na
disputa de quem perde menos. “O ponto central é que os programas
sociais se tornaram insustentáveis”, avalia Murillo de Aragão, cientista
político da Arko Advice.
Exceção
O único dos programas
sociais em que não houve corte no orçamento de 2016 na comparação com o
deste ano foi o de financiamento estudantil. O aumento de 5,5% de um ano
para outro não significa, porém, que o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) não tenha sido reavaliado. O resultado do
endurecimento das regras de acesso ao programa somente terá impacto nos
próximos anos.
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