O apresentador de programa político, Gleydson Carvalho, foi morto a tiros dentro do estúdio em Camocim, no dia 6 de agosto (Foto: Reprodução/Facebook) |
Este ano, quatro radialistas foram assassinados a tiros no Ceará. Os
crimes aconteceram no Interior e, na maioria dos casos, a motivação
teria sido envolvimento político. De acordo com profissionais da área,
“falar demais”, principalmente sobre denúncias de corrupção, é o que
determina a sentença de morte dos comunicadores.
Entidades que
representam a categoria acreditam que maior qualificação profissional e
mais acompanhamento e investigações sobre as denúncias de ameaça podem
reduzir o número de atentados.
Os crimes ocorridos este
ano foram contra o repórter policial Patrício Oliveira, 39, morto em
março no município de Brejo Santo, após deixar a sede da rádio Sul
Cearense AM; o radialista Francisco Rodrigues de Lima, 62, assassinado
no estacionamento da rádio FM Monte Mor, em Pacajus; o apresentador de
um programa político em Camocim, Gleydson Carvalho, morto no dia 6 de
agosto dentro dos estúdios da rádio Liberdade FM. O último crime foi na
sexta-feira, 21, quando o radialista e também vereador de Barreira, no
Maciço de Baturité, José Targino dos Santos, o Faceta, levou um tiro no
peito após discussão política em um bar.
Uma
audiência pública reuniu radialistas e parlamentares, ontem à tarde, na
Assembleia Legislativa do Ceará. Durante o encontro, profissionais
pediram mais atenção do poder público na identificação dos criminosos,
proteção por parte das empresas de comunicação e ajuda dos sindicatos
que os representam. De acordo com o presidente da Associação de Imprensa
do Sertão Central, Wanderley Barbosa, em três anos, três casos de
agressão foram registrados pela entidade, nas cidades de Quixadá,
Senador Pompeu e Banabuiú. Em nenhum dos casos houve prisão dos autores.
Entidades
“No Interior, o rádio é um
meio de comunicação muito poderoso e tudo que se fala tem repercussão. A
grande maioria das emissoras pertence a políticos, e o radialista está
no meio dessa história de rivalidade”, detalhou Wanderley. Conforme ele,
qualificar os profissionais da comunicação, que muitas vezes chegam a
envolver a vida particular de políticos em meio às denúncias feitas, é
uma das formas de evitar mais casos de violência.
Para o
advogado Dennis Luís, do Sindicato dos Radialistas do Ceará, que recebeu
acusações da categoria sobre deficiências de atuação, a solução para o
problema vivido no Interior depende da investigação policial. “O papel
do sindicato é tentar acompanhar o que aconteceu. Damos orientações aos
afiliados. Mas, no tocante ao fato morte, não tem como o sindicato tomar
uma providência que pudesse evitar. O sentido hoje é prevenir”,
afirmou.
O diretor jurídico da Associação Cearense de
Emissores de Rádio e Televisão (Acert), Afro Lourenço, ressaltou que o
órgão faz os registros dos atentados, mas que acabam “não dando em
nada”. “As empresas fazem a sua parte, mas se matam (os profissionais)
do lado de fora. O poder público precisa fazer a sua parte”,
acrescentou.
Assembleia
O presidente da
Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia, deputado José
Ailton Brasil (PP), afirma que deverá haver maior cobrança da Casa para
celeridade na apuração dos crimes. “Vamos cobrar da Polícia a
identificação dos suspeitos e acompanhar os casos”, garantiu.
“Nos
últimos anos, já são sete profissionais assassinados (um em 2013, dois
em 2011 e quatro em 2015). É preciso que as emissoras coloquem segurança
armada na porta”, sugeriu o deputado Ferreira Aragão (PDT), que
requereu a audiência.
As informações são do O Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário