O Ceará teve quatro meses de estação chuvosa em 2015 para tentar
mudar um cenário de estiagem que se prolonga há quatro anos. Não
conseguiu. É uma situação que não tinha se vivido ainda neste século. E
os impactos, sempre sentidos com maior intensidade na zona rural, chegam
com força às zonas urbanas.
Agora, mais do que nunca, a água será disputada. Para controlar desperdício, plantios têm sido substituídos e uso racional deixa de ser escolha e passa a ser obrigação.
Agora, mais do que nunca, a água será disputada. Para controlar desperdício, plantios têm sido substituídos e uso racional deixa de ser escolha e passa a ser obrigação.
Neste
período de chuvas, o Ceará acumulou média de 440,5 milímetros (mm) em
precipitações. No ano passado, foram 460,2 mm. A redução fez com que o
aporte nos reservatórios fosse o menor dos últimos 17 anos. Conforme a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), há
possibilidade de que a situação seja ainda pior em 2016, principalmente
devido à presença do fenômeno El Niño, que permanece até dezembro no
Brasil. Dependendo da intensidade, ele contribui para inibir as chuvas
no Nordeste. “Com isso, a gente pode ter um quinto ano consecutivo de
seca”, alerta o meteorologista Raul Fritz.
Por isso, as recentes negociações entre Estado e União são
pressionadas por pelo menos 100 cidades que podem entrar em situação de
emergência ainda este ano se não forem amparadas por medidas que
garantam o mínimo de água para consumo humano. Só para o socorro por
carro-pipa, o governador Camilo Santana (PT) tenta pactuar investimento
federal orçado em R$ 20 milhões. Além disso, deve estar na pauta de
cobranças a garantia de que a transposição do rio São Francisco comece a
funcionar em julho de 2016.
Atualmente, os órgãos estaduais
que têm relação com a gestão e a distribuição de recursos hídricos no
Ceará formulam relatório sobre a situação hídrica no primeiro semestre
deste ano. Por isso, a lista das 100 cidades que podem entrar em estado
de emergência ainda não foi divulgada.
Plano
Admitindo
a gravidade da conjuntura atual, o Ceará tenta, com articulações
políticas e de gestão, pôr em prática as medidas estabelecidas no Plano
Estadual de Convivência com a Seca, anunciado em fevereiro. Com
orçamento estimado em R$ 6 bilhões, o plano prevê ações a curto, médio e
longo prazo. Com foco nas regiões de maior criticidade, como os sertões
de Crateús, Inhamuns e São Luís do Curu, o plano integra ações de
diferentes entidades governamentais envolvidas na gestão e na
distribuição de água. Hoje, funciona à base da complementação de
recursos como poços, cisternas e adutoras de montagem rápida.
Como
exemplos de cidades onde o procedimento tem sido essencial para
sustentar a população, o secretário dos Recursos Hídricos do Estado,
Francisco Teixeira, cita Quixeramobim e Boa Viagem - ambas fora da lista
de sedes abastecidas pela Cagece. Teixeira afirma que Quixeramobim vai
receber, nos próximos meses, uma adutora de montagem rápida que deve
captar água do açude Pedras Brancas. Já Boa Viagem, que resiste à base
de poços, não tem mais de onde puxar água e, provavelmente, entrará em
colapso ainda este ano.
As informações são do O Povo Online
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