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A insatisfação é vivida pelos educadores da maioria dos municípios, que alegam não receber o piso da categoria (Foto: Reprodução/Internet) |
Como a Lei do
Piso estabelece o pagamento do valor dos salários em cima da quantidade
de alunos matriculados regularmente anualmente, pretendiam receber mais.
Ao invés dos R$ 1.917,78 estipulados pelo MEC, esperavam pelo menos
atingir a casa dos R$ 2.300,00 para quem ensina 40 horas semanais.
Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Piquet Carneiro, Catarina, Deputado Irapuan Pinheiro, Solonópole e
Milhã, Djan Carlos, a categoria continua reivindicando o cumprimento da
Lei do Piso do Professor. A reclamação aumenta nos inícios de ano, no
período de lotação dos profissionais da educação nas unidades de ensino.
Mas, como as prefeituras alegam estarem repassando os valores
estabelecidos pelo Governo Federal, acabam aceitando.
Quem enfrenta uma situação totalmente diferente são os professores de
Ibicuitinga, como reconhece o prefeito Anilton Maia. Os educadores da
rede municipal de ensino são concursados apenas para darem 20 horas
semanais de aulas. O restante da carga horária estava sendo
complementado com contratos de prestação de serviço.
Como o município encontrava-se sobrecarregado, principalmente com o
pagamento dos encargos sociais, o INSS, a alternativa encontrada foi a
aprovação de uma lei municipal efetivando 72 professores para darem 40
horas semanais. Em breve, Ibicuitinga realizará concurso público para
mais 200 vagas, assegurou o prefeito. Outros 120 docentes em regime de
contrato temporário poderão ser aprovados e efetivados.
Todavia, na região, em alguns municípios, a relação dos professores com
as Prefeituras está melhorando. Esse é o diagnóstico apresentado pela
presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Quixadá e Região
(Sindsep), Neiva Esteves. Ela apresenta como exemplo a Prefeitura de
Quixadá. Do reajuste proposto pelo Governo Federal, de 13,10% o
Município está pagando 3% a mais. Outro avanço para a categoria está
relacionado à redução de 1/3 das horas aula, para planejamento
extraclasse. Noutros municípios vizinhos, como Banabuiú, Choró,
Ibaretama e Ibicuitinga, a reposição está sendo apenas do piso
estabelecido pelo MEC.
Na região Centro-Sul do Ceará, as prefeituras terão de cortar despesas e
fazer esforços para efetuar o pagamento de salário mínimo e do Piso
Nacional dos Professores, reajustados a partir deste mês. A secretária
adjunta da Educação em Icó, Wilkênia Souza, disse que o pagamento dos
novos salários será feito. "É lei e temos de cumprir", observou. O
município tem 13 mil alunos e 500 professores.
A presidente do Sindicato dos Servidores do Município de Ipaumirim,
Terezinha Gonçalves, disse que a Prefeitura cumpria o piso anterior e a
expectativa da categoria é que o novo valor seja de imediato
incorporado.
Diferença
Na Zona Norte, Sobral vive uma realidade diferente em relação ao
reajuste. Em 2014, quando o piso salarial nacional era de R$ 1.697, 00, o
piso municipal já era de R$ 2.095,67, segundo o secretário municipal de
educação, Júlio Cesar de Alexandre Costa. Com o novo piso salarial, um
aumento está sendo estudado. "Sobral apresenta, ao longo dos últimos dez
anos, resultados incrivelmente positivos em nível nacional, sendo palco
de experiências que foram reproduzidas pelo Governo Federal, como a
Alfabetização na Idade Certa.
Em Santa Quitéria, também na Zona Norte, a situação já é diferente. Na
última quinta-feira, o Ministério Público do Estado do Ceará ajuizou uma
Ação de Execução de Título Judicial em desfavor do Município de Santa
Quitéria, representado pelo prefeito Fabiano Lobo Mesquita, com o
objetivo de que sejam quitados os débitos referentes a salários de
servidores públicos municipais, dentre eles, professores. Foi procurada a
assessoria de Santa Quitéria, mas não houve resposta.
Na contramão da crise, a Prefeitura de Tauá, cidade das região dos
Inhamuns, está concedendo um abono de 70,56% aos profissionais que estão
em atividade de magistério na Rede Municipal de Ensino, ou seja, que
estão lotados na folha dos 60% do FUNDEB. O abono representa R$
1.092.920,07.
Aumento
A Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do
Ceará (Fetamce), por meio da subseção do Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), produziu
análise da previsão de aumento nos repasses do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb) para as cidades cearenses. Conforme a análise, em
cerca de 90% dos municípios haverá aumento no repasse.
O estudo conclui ainda que, no ano de 2014, onde já havia previsão de
aumento, os valores repassados consolidados até dezembro superaram, em
100% das cidades, o crescimento previsto, a maioria em mais de 6%. "O
histórico mostra que a previsão sempre é inferior ao de fato investido, o
que comprova que os valores têm sido sempre mais otimistas", avalia a
técnica do Dieese, Rosilene Cruz.
A conclusão é de que está rechaçada a alegativa dos prefeitos
cearenses, por meio da Associação dos Municípios do Estado do Ceará
(Aprece), de que faltam recursos para pagamento dos profissionais do
magistério.
"A receita do Fundeb enviada aos municípios é carimbada, portanto, deve
ser usada para custear salários e demais investimentos da educação.
Quem gastou errado o dinheiro do Fundo é que deve prestar contas à
sociedade e não usar o discurso de que não dá pra pagar o reajuste dos
servidores", avalia Enedina Soares, presidenta da Fetamce. Além disso, a
Federação esclarece que os municípios cearenses deverão receber, em
2015 e 2016, um acréscimo de R$ 316 milhões, no Fundo de Participação
dos Municípios (FPM) nos últimos anos. Ao mesmo tempo, a professores.
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) informou que os municípios
nordestinos têm gasto, em média, 71,27% da receita do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb) com o piso, o que comprovaria que o
critério de reajuste do piso tem impossibilitado a cada ano o
cumprimento da lei.
Com informações da repórter Jéssyca Rodrigues / Sucursais do Diário do Nordeste
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