A crise hídrica que atinge algumas regiões de Minas Gerais e o receio
de uma “invasão” de foliões, além do corte de verbas, fizeram pelo
menos 20 cidades do interior mineiro cancelarem o carnaval deste ano. O
medo de algumas prefeituras é de que o consumo de água aumente muito
durante a festa e o sistema de distribuição de água não dê conta da
demanda.
A maioria dos municípios nessa situação fica na região
centro-oeste de Minas, como Itapecerica, que, de acordo com a
prefeitura, recebe 10 mil foliões por noite, mas precisou cancelar o
carnaval porque “o aumento significativo de pessoas no município poderá
desencadear uma séria crise de abastecimento de água”.
Para o
comerciante Hilton Valério Pereira, morador da cidade, a decisão foi
acertada. “Garantir que a população tenha água é mais importante que
carnaval. Esses dias, melhorou o abastecimento de água porque choveu,
mas já sofremos muito na cidade por causa da seca”, disse.
A
cidade de Oliveira, que recebe entre 30 e 40 mil foliões durante o
carnaval, segundo a prefeitura, também decidiu cancelar a festa. O
secretário de Cultura e Turismo do município, Cassio Silva, explicou que
a seca e problemas financeiros levaram à decisão.
“A prefeitura
se reuniu com os comerciantes, a Justiça, as forças de segurança e todos
concordaram que foi melhor cancelar o carnaval. Alguns bairros chegaram
a ficar até 12 dias sem água. Assim, manter a realização de tal
festividade, não seria, no mínimo, prudente”, disse o secretário.
O
cancelamento do carnaval deste ano em alguns municípios provocou um
efeito cascata, e mesmo as cidades que não estão enfrentando problemas
com a falta d'água suspenderam a festa. Foi o que ocorreu em Lagoa da
Prata.
O secretário de Cultura e Turismo da cidade, Júnior
Nogueira, explica que a decisão foi tomada depois que cidades próximas
cancelaram a festa. “Ficamos preocupados, pois concluímos que boa parte
destes foliões poderia vir para a cidade e não teríamos a segurança
necessária nem para os visitantes e nem para a população”, informou.
Cidades
históricas de Minas, como Diamantina e Ouro Preto, mantiveram o
carnaval. As prefeituras garantem que não vai faltar água e os
municípios estão preparados para receber mais visitantes do que em anos
anteriores.
A Superintendência de Eventos de Ouro Preto estima
que a cidade receberá de 60 a 80 mil visitantes durante as festas e está
organizando campanhas de conscientização para não sofrer com a falta
d'água.
Diamantina, segundo a prefeitura, deve receber 30 mil
turistas no carnaval e está reforçando o sistema de abastecimento para
garantir que não falte água durante a folia.
Com informações da Agência Brasil
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