![]() |
O problema existe em todo o Estado, como na Praia de Maceió, em Camocim (Foto: Kid Junior) |
Com o prazo final para que as distribuidoras nos Estados façam a
transferência de todo o acervo e serviço de manutenção de iluminação
pública para os municípios se aproximando, poucas cidades do Ceará já
assumiram essa nova responsabilidade. A maioria dos gestores discorda da
resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo eles, a verba é insuficiente.
De acordo com a determinação da Aneel, as distribuidoras setão obrigadas a transferir, até 31 de dezembro, todo o sistema de
iluminação pública às prefeituras municipais, como já acontece na
capital cearense. Com essa mudança, caberá às prefeituras instituir um canal de
atendimento à população para atender reclamações e solicitações, bem
como equipes técnicas especializadas em manutenção de iluminação
pública.
A Companhia Energética do Ceará (Coelce) informou que vai cumprir a
resolução da Aneel e que, a partir de 1º de fevereiro de 2015, não está
mais previsto realizar qualquer serviço de manutenção no sistema de
iluminação pública.
Na Região Centro-Sul do Ceará, muitos gestores municipais ainda não
decidiram o que fazer e como assumir a responsabilidade sobre a
manutenção de iluminação pública (braço luminário e lâmpada) a partir de
janeiro de 2015. Alguns pensam em contratar empresa especializada e
outros defendem a ideia de formação de consórcio.
A preocupação da maioria, entretanto, é com o estado em que se
encontram os equipamentos. "A maior parte está sucateada, com lâmpadas
queimadas ou com reduzida luminosidade em decorrência do tempo de uso",
disse o prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara. "A Coelce prometeu
entregar o acervo em perfeitas condições, mas caso contrário, vamos
ingressar na Justiça e pedir a reparação".
Alcântara disse que assinou, na semana passada, contrato de adesão com a
Coelce. "Vejo que para as pequenas cidades a saída é a formação de
consórcio, mas para Iguatu, um município de médio porte, inicialmente
vamos contratar uma empresa especializada, que ofereça serviço de
qualidade e segurança".
A Coelce vai continuar como empresa arrecadadora da Taxa de Iluminação
Pública e vai cobrar da prefeitura a execução do serviço, cujos recursos
serão repassados para os municípios. Algumas cidades tinham assinado
contrato com a Coelce em 2013 e depois desistiram. Outras ingressaram na
Justiça e obtiveram liminar evitando a responsabilidade com a
manutenção da iluminação pública, casos de Acopiara e Piquet Carneiro.
Outros dois municípios também já assumiram a responsabilidade da
iluminação pública: Crateús e Limoeiro do Norte. Em Crateús, o
secretário de Infraestrutura, João Luiz Leitão, ressaltou que a
Prefeitura está realizando licitação para a contratação de empresa a ser
encarregada dos serviços.
Muitas ruas da Cidade estão sem iluminação. Em algumas, a população
aguarda a instalação da rede há mais de ano. A esse respeito, o
secretário municipal alegou estar aguardando o aval da Companhia
Energética para iniciar a instalação da rede elétrica e das luminárias.
![]() |
Operários trabalham na manutenção do serviço de iluminação pública da cidade de Iguatu, para garantir o seu bom funcionamento (Foto: Honório Barbosa) |
O município de Limoeiro do Norte foi uma das primeiras cidades
cearenses a assumir a iluminação pública, em abril deste ano. Segundo o
secretário de infraestrutura do município, Lauro Rebouças Filho, o
motivo da antecipação se deu por divergências da Prefeitura com a
concessionária de energia, no caso, a Coelce.
O serviço de manutenção da iluminação pública é feito por uma empresa
terceirizada que venceu o processo licitatório. Os custos são pagos pelo
próprio contribuinte, que paga também a taxa de iluminação pública. Até
o momento, o secretário conta que mais de duas mil lâmpadas foram
trocadas. "A população pode entrar em contato pelo 0800-727 7143 caso
identifique algum problema na iluminação pública", concluiu.
Na região do Cariri, gestores municipais estão preocupados com o fato
de as prefeituras terem que assumir mais uma obrigação a partir de
janeiro do próximo ano. Conforme alegam, o recurso disponível nas contas
bancárias das gestões públicas mal dá pra realizar o pagamento das
obrigações já existentes, como folha de pagamento de servidores,
prestadores de serviços, fornecedores e afins.
Acréscimo
Em alguns municípios conversações estão sendo mantidas entre Executivo e
Legislativo na busca de uma solução para o problema. Algumas
prefeituras da região, inclusive, já sinalizam a possibilidade de
acréscimo na cobrança da taxa de iluminação pública como forma de
garantir a realização dos serviços de manutenção.
"Jogaram, mais uma vez, toda a responsabilidade nas costas dos
municípios, a exemplo do que também fizeram em relação aos aterros
sanitários. Não há uma prefeitura no Interior do Ceará que disponha de
condição financeira para custear a manutenção da rede de energia",
observa o prefeito de Mauriti, Evanildo Simão.
Conforme avaliou, o consumidor poderá, futuramente, ser penalizado com
aumento na tarifa de energia. "Uma das soluções seria o reajuste na taxa
de iluminação pública o que, com certeza, iria gerar insatisfações por
parte dos consumidores e algum tipo de constrangimento para as gestões
municipais".
Em Quixadá, uma das principais avenidas da cidade se encontra em
completa escuridão, causando preocupação à população. Há mais de seis
meses a via de acesso ao Açude Cedro está com a maior parte das suas
lâmpadas queimadas. Na principal avenida, a Plácido Castelo, a situação é
a mesma. Algumas praças também estão ficando às escuras. A manutenção
da iluminação nesses locais já é de responsabilidade da Prefeitura.
Atraso
A respeito da iluminação precária das praças e avenidas, o secretário
municipal do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Francisco Silva,
reconhece o problema, entretanto o atribui a transtornos administrativos
enfrentados pela administração municipal. Houve atraso na realização da
licitação para aquisição das lâmpadas necessárias para substituição das
danificadas. Uma licitação estará sendo realizada para aquisição das
lâmpadas, mas ele não definiu data para solução do problema.
Em Sobral, o secretário de Conservação e Serviços Público, Mario
Parente, explica que, "para atender essa determinação da Aneel, a
Prefeitura está providenciando os procedimentos licitatórios para
contratação de uma empresa que será responsável pela manutenção do
parque de iluminação pública".
Aprece propõe a criação de consórcios
No fim de outubro, a Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do
Ceará (Aprece) promoveu os últimos Encontros Regionais sobre Iluminação
Pública. Em Acopiara, estiveram presentes representantes de 14
municípios da região. O evento deu continuidade aos trabalhos de
orientação que a entidade vem realizando junto aos gestores municipais,
no que diz respeito à Resolução Aneel Nº 587/2013, tratando sobre o
passo a passo para a transferência dos ativos de iluminação pública aos
municípios.
Na ocasião, o presidente da entidade, Expedito José do Nascimento,
ressaltou a importância do engajamento de todos os gestores nos
procedimentos necessários para a transferência dos ativos de IP. Ele
relembrou as ações que a Aprece vem realizando e salientou a importância
da parceria com a Companhia Energética do Ceará (Coelce) para dirimir
dúvidas.
Diante de uma série de críticas e reclamações por parte dos gestores
sobre a demora no atendimento de demandas relacionadas ao processo de
transferência e a própria prestação de serviços da Coelce, Expedito
sugeriu que a Aprece possa intermediar um acordo com a Companhia para
garantir que os problemas citados sejam solucionados no mais curto
espaço de tempo.
Em sua fala, o presidente da Aprece também defendeu a criação de
consórcios municipais como o melhor caminho para minimizar os futuros
custos com a manutenção dos parques de iluminação pública, sugerindo o
aproveitamento de consórcios já existentes para agilizar o processo.
Ficou agendado para a primeira quinzena de dezembro, uma reunião do
Consórcio da Região Centro Sul do Ceará para discutir a questão.
De acordo com a coordenadora jurídica da entidade, Gabriela Pimenta, a
Aprece já está monitorando as demandas de cada município junto à Coelce e
está à inteira disposição para realizar atendimentos individuais aos
gestores que tenham interesse. "Estamos realizando uma verdadeira
força-tarefa para garantir que os municípios possam cumprir com o prazo
estabelecido pela Aneel, mas que isso seja feito da melhor maneira
possível".
Com informações do Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário