Jaicós é uma das 203 cidades piauienses que decretaram situação de emergência por conta da estiagem (Foto: Osmilvam Oliveira) |
A Prefeitura de Jaicós, a 358 quilômetros de Teresina, está fechada há
15 dias porque o fornecimento de energia foi suspenso por falta de
pagamento. A cidade também está sem o serviço da coleta de lixo e os
funcionários da prefeitura estão há mais de três meses sem receber
salários.
O transporte escolar não foi pago e os estudantes estão sendo
transportados em caminhões. A denúncia foi feita pelo vice-prefeito da
cidade, Ogilvan da Silva Oliveira, que afirmou que vai encaminhar o caso
para o Ministério Público.
Jaicós é uma das 203 cidades piauienses que decretaram situação de
emergência por conta da estiagem. O Açude Tiririca que abastecia o
município secou e o fornecimento de água para os mais de 18 mil
habitantes foi interrompido. Agora as famílias estão tendo que comprar
água.
De acordo com Ogilvan, as dívidas são superiores a R$ 1 milhão, o que não
justifica, pois segundo ele o município recebeu nos últimos dois anos
cerca de R$ 52 milhões. “A cidade está um caos, não temos água, não
temos energia na prefeitura, nas secretarias, a prefeita exonerou muitos
servidores alegando cortes de despesas por falta de recurso, mas isso
não justifica. O que foi feito com o dinheiro recebido no município? As
pessoas estão tendo que comprar água, até mesmo o meu salário está
atrasado há dois meses”, contou o vice-prefeito.
Em consulta ao Portal da Transparência a reportagem verificou que o
orçamento previsto para este ano na cidade é de R$ 23.287.215,21
milhões. Há apenas dois carros para fazer a coleta de lixo, mas
segundo o vice-prefeito, o serviço também foi suspenso por falta de
pagamento. A casa de apoio que amparava pacientes em busca de tratamento
médico em Teresina está fechada e o carro que os transportava ficou
parado.
“Temos pessoas com câncer e várias outras doenças que precisam desses
serviços, pois fazem o tratamento na capital ou em outra cidade e não
podem interromper. A cidade não tem uma escola nova ou reformada, os
serviços não estão funcionando, os funcionários não estão recebendo seus
salários, o carro-pipa que abastecia as famílias parou de rodar. O
município recebe por mês cerca de R$ 1,7 milhão e eu quero saber o que
está sendo feito com esse dinheiro”, explicou.
Segundo ele, o caso será encaminhado para o Ministério Público para que
uma providência seja tomada. “A população está reclamando, cobrando
providências e diante dessa realidade eu estou organizando os documentos
para encaminhar o caso para o Ministério Público, isso precisa ser
resolvido”, disse Ogilvan.
A prefeita de Jaicós, Valdelina
Crisanto, foi procurada mas a reportagem mas conseguiu contato apenas com o secretário de saúde, que é
marido da gestora. Crisanto Neto, confirmou a falta de energia no
prédio da prefeitura e afirmou que o desequilíbrio na prefeitura é
devido à dívidas deixadas pela administração anterior.
“O corte de energia é em decorrência de um débito do Hospital Florisa
Silva deixado pela administração passada. Pegamos toda a dívida e
parcelamos tudo e estávamos pagando direito, mas atrasamos esse mês e
por isso eles cortaram a energia. Os funcionários estão com apenas um
mês atrasado que é o mês de setembro, que era para pagar no dia 10 de
outubro, mas ainda não conseguimos pagar devido aos grandes débitos
deixados pela administração anterior. Esses funcionários são apenas os
do gabinete do prefeito, da Secretaria de Finanças e Administração e da
Secretaria de Obras e Agricultura, ”, justificou o secretário.
Em relação ao funcionamento dos órgãos públicos, Crisanto afirmou que a
Secretaria de Saúde e de Educação estão funcionando normalmente.
“Temos uma dívida de cerca de R$ 900 mil, porque a administração
passada deixou de pagar quatro meses de salário de algumas secretarias e
um mês da de Educação. Estamos pagando parcelamento de pagamentos
atrasados da Eletrobras, INSS, Agespisa e várias outras. A obrigação de
pagar dívidas antigas nos prejudica na hora de pagar as nossas contas.
Em relação à água, quem paga no município é a prefeitura, porque a
Agespisa está deficitária. Estamos em desequilíbrio por dívidas dos
outros, mas já estamos estudando para resolver os problemas”, falou.
Com informações do portal G1/PI
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