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domingo, 1 de dezembro de 2013

Faltam abrigos para idosos no Ceará

A estrutura oferecida pelos governos municipal e estadual não atende 
          a esse grupo, que no Ceará representa 10% da população 
                                             (Foto: Alex Costa)
A situação de idosos abandonados por familiares ou que sofrem de maus-tratos é delicada.Apesar disso,o Ceará dispõe de apenas um abrigo público de longa permanência voltado para essa faixa,enquanto o Município de Fortaleza não possui nenhum. Embora a institucionalização seja a última medida a ser tomada,em alguns casos,ela acaba sendo a única opção,visto que trata-se de pessoas que perderam totalmente o vínculo com seus familiares.Já os chamados centros-dia,onde esses idosos poderiam permanecer durante o dia,desenvolvendo atividades lúdicas e realizando tratamento de saúde enquanto filhos e netos trabalham e estudam,não existem.

A estrutura oferecida pelos governos municipal e estadual deixa claro o descaso do poder público com esse grupo,que no Ceará representa 10% da população.Prova disso é que uma obra de ampliação no único abrigo de longa permanência para idosos do Estado,iniciada em janeiro de 2010,segue parada há cerca de quatro meses,sem nenhuma justificativa ou expectativa de retomada das intervenções.
Para debater essa situação dos idosos,uma audiência pública foi marcada para o próximo dia 4 de dezembro,às 9h,na Procuradoria Geral de Justiça (PGE).Alexandre Alcântara,promotor de Justiça da 17ª Promotoria de Justiça Cível explica que,em decorrência da paralisação das obras,a parte administrativa do abrigo está funcionando de forma improvisada,os alimentos não estão devidamente condicionados e há superlotação nos dormitórios.
"Para você ter ideia,nem alvará sanitário a unidade tem.É uma situação bastante crítica.O Estado e a União têm que criar todos os mecanismos para dar suporte aos idosos.Os equipamentos que têm são insuficientes",critica.
Obras
O promotor comenta que se reuniu com o titular da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS),Evandro Leitão,e o mesmo teria aceitado assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no qual se compromete a retomar as obras em até 60 dias,estabelecer um calendário de execuções da obra e se comprometido em adequar a instituição às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por mês,a Unidade Abrigo,situada no bairro Olavo Bilac,recebe de 20 a 30 pedidos formais para abrigamento de idosos.Sem contar com os informais.Diariamente,a instituição recebe ligações de pessoas em busca de uma vaga.Para dar conta da demanda,Alcântara afirma que seriam necessários pelo menos cinco abrigos em todo o Estado,um em cada região,e investir também em centros-dia.
Apesar da situação de superlotação - a instituição oferece 92 vagas, mas em outubro deste ano estava com 109 idosos,17 acima da capacidade - os que entram na Unidade Abrigo são só elogios.Seu Raimundo (nome fictício),73,está há cinco anos na unidade e conta que se sente em casa."Aqui nós somos uma família,respeitamos uns aos outros",relata.
A faixa etária dos idosos varia de 64 anos a 96 anos.A maioria tem doenças do envelhecimento,como Parkinson e mal de Alzheimer,que predominam.E doenças mórbidas, tais como diabetes,hipertensão e obesidade.Renata Almeida,diretora da unidade,comenta que a grande maioria não recebe nenhuma visita.A família que possuem são as pessoas do abrigo.Informa,ainda,que a demanda que a unidade não tem como absorver é encaminhada para o Lar Torres de Melo,Sagrado Coração,Imãs Nazaré e Irmãs Capuchinhos (Maranguape).
Ações do Estado e Prefeitura tentam atender à demanda
A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado (STDS) informou,por meio de nota,que o novo abrigo de idosos,em obra há cerca de dois anos,conta com 76% das intervenções concluídas."Neste momento,a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social e o Ministério Público Estadual desenvolvem todos os esforços no sentido de concluí-las o mais rápido possível",enfatiza o órgão.
E apesar de se encontrar em obra,ressalta que mantém perfeitamente o atendimento de todos os beneficiários,com assistência integral,24 horas por dia,com serviços médicos, fisioterapia,assistentes sociais,terapeutas ocupacionais, além de atividades recreativas e passeios regulares,"o que pode ser comprovado em visita à unidade".
Já a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra) confirma que a Prefeitura não possui nenhuma instituição de longa permanência e nem centros-dia.Em nota,informa que o município oferece 250 vagas para idosos através de convênio com o Lar Torres de Melo (220 vagas) e o Abrigo Catarina Laboré,antigo Dispensário dos Pobres (30 vagas).Esclarece ainda que,em caso de violação de direitos dos idosos,a população pode acionar os Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas).Após a denúncia,uma equipe social vai até o local verificar o caso para realizar os encaminhamentos necessários,incluindo o contatos com outros órgãos para que o problema seja solucionado.
Atuação
"Além de acompanhar este público em situação de violação de direitos,a Setra desenvolve o trabalho de prevenção,com o intuito de fortalecer os vínculos familiares e comunitários através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Familiares Comunitários, realizado nos 23 Centros de Referência da Assistência Social (Cras) de Fortaleza".A nota informa ainda que o serviço inclui grupos de convivência,atendimentos individuais, orientações sobre direitos,dentre outras ações.
 Com informações do Diario do Nordeste

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