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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

'Vacina de células' controla vírus da Aids

Um estudo que envolveu 36 pessoas já contaminadas com o vírus da Aids mostrou que é possível controlar o HIV usando uma vacina terapêutica --embora o resultado ainda esteja longe de uma cura.
Cientistas na Espanha,na França e nos EUA usaram os vírus presentes no organismo dos próprios pacientes portadores do HIV para "adestrar" células do sistema de defesa do organismo deles.
Depois,tais células foram devolvidas para a corrente sanguínea dos pacientes.O resultado:mesmo tendo parado de tomar o coquetel de drogas antirretrovirais (hoje a única defesa de quem já foi infectado),a maioria dos soropositivos ficou com níveis baixos de HIV no sangue. 
O problema,no entanto,é que o controle do vírus foi temporário,perdendo força a partir de 24 semanas depois que a "vacina de células" foi aplicada pelos cientistas,o que vai exigir mais refinamento do método antes que testes maiores aconteçam.
A pesquisa,que está na edição desta semana da revista especializada americana "Science Translational Medicine",foi coordenada por Felipe García,da Universidade de Barcelona.
truque misterioso
O grande objetivo desse e de outros estudos parecidos é realizar com sucesso um truque que alguns soropositivos operam naturalmente.
O organismo dessas pessoas,apelidadas de "controladores de elite",consegue evitar que a multiplicação do HIV saia do controle,além de não perder células do sistema de defesa do organismo.
Tudo indica que tais pacientes conseguem realizar esse feito porque o sistema de defesa de seu organismo é capaz de reconhecer e atacar o HIV com eficácia.O plano,portanto,é óbvio:achar uma maneira artificial de replicar essa estratégia.
Isso permitiria que os pacientes deixassem de lado o consumo perpétuo do coquetel de medicamentos antirretrovirais,que é caro e traz diversos efeitos colaterais.
É aí que entram as chamadas células dendríticas,componentes do sistema de defesa do organismo que levam,por exemplo,pedaços de vírus para outras células de defesa.É esse transporte de informação sobre o inimigo que leva a uma resposta específica contra ele.
No estudo,as células dendríticas,cultivadas a partir de tecidos dos próprios pacientes,foram colocadas em contato com o HIV retirado do organismo deles --mas só depois que o vírus foi inutilizado por meio do emprego de calor (veja quadro acima).
O sucesso apenas temporário da estratégia ainda precisa ser mais estudado, dizem os pesquisadores.
Antes da aplicação da vacina terapêutica,os pacientes ficaram um tempo sem receber os remédios anti-HIV para que os pesquisadores pudessem medir a contagem do vírus em seu sangue e comparar o "antes" e o "depois" da vacinação.
Isso pode ter dado ao parasita um certo fôlego,digamos, para que ele voltasse a se multiplicar mesmo após a imunização.Em princípio,seria possível resolver isso aplicando diversas doses da "vacina de células" --uma tática que é usada no caso das vacinas convencionais.
Outra possibilidade,dizem os cientistas,seria vacinas as pessoas enquanto elas ainda estão tomando os remédios.







Reproduzida da Folha de Sao Paulo

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