Por temer sanção legal ao ministro Guido Mantega (Fazenda) e sua equipe,o governo federal ainda não está decidido a repassar aos governadores a
cota de janeiro do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Apesar da disposição de pagar,a transferência vai depender de uma
audiência entre o ministro Joaquim Barbosa,presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF),e o advogado-geral da União,Luís Inácio Adams,depois de amanhã.
Se Barbosa entender que integrantes do governo podem ser punidos,o
governo não fará o repasse da primeira parcela do ano,prevista para o
dia 10,próxima quinta-feira(08).
Pelo FPE,a União distribui automaticamente aos governos estaduais e ao
Distrito Federal 21,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto
sobre Produtos Industrializados.Hoje essa fonte representa mais de 40%
das receitas de Estados como Acre,Amapá,Tocantins,Piauí e Maranhão.
Como o Judiciário está em recesso até fevereiro,o tribunal não se
manifestou sobre o modelo de distribuição a ser adotado até a aprovação
de nova regra.
Embora integrantes do governo defendam a interpretação dada pelo TCU
(Tribunal de Contas da União) --segundo a qual deverá ser aplicada a
regra vigente até o ano passado--,a equipe econômica prefere conferir o
humor dos ministros do STF antes da partilha.
A tarefa de distribuir os recursos é da Secretaria do Tesouro Nacional,subordinada à Fazenda.
O receio é que o repasse seja considerado uma afronta ao Judiciário e
Mantega seja enquadrado por crime de responsabilidade --atos do
presidente e ministros que atentarem contra o livre exercício do Poder
Judiciário.
Nesse caso,o ministro ficaria sujeito à perda de cargo,com
inabilitação para o exercício de qualquer função pública por até cinco
anos.
Os demais integrantes do governo poderiam ser acusados de improbidade administrativa.
A missão de Adams será sugerir que Barbosa submeta ao plenário do STF
uma proposta para ampliação do prazo para reformulação das regras.
Reproduzida da Folha de Sao Paulo
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