Safra foi 83,74% menor que o previsto em janeiro de 2012 |
Conforme o IBGE,o milho é considerado o carro-chefe da safra de
grãos no Estado e teve sua participação reduzida de 67% para 52,39%
A estiagem do ano passado não trouxe só problemas relacionados ao
abastecimento de energia,de acordo com o apurado pela unidade estadual
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Ceará,especificamente,o órgão constatou a pior safra de grãos dos últimos 17
anos,com uma redução de 83,74% em relação à prevista para o Estado em
janeiro de 2012.Ao todo,a produção obtida foi de 233.857 toneladas -
82,02% menos que a colheita cearense de 2011,que foi de 1,3 milhão de
toneladas.
Ela destaca o relatório feito em parceria
com a Ematerce e divulgado no último relatório de 2012,o qual
estabelece um andamento das chuvas ao longo de todo o ano passado e
evidencia as decepções dos agricultores ao não verem as previsões de
chuvas se realizarem.Depois de encerrada a colheita cearense,o
relatório enviado pelo IBGE contabiliza para os últimos 17 anos,seis
anos de seca no Estado contra cinco com produção acima do 1 milhão de
toneladas.
Produtos em queda
Considerado o
"carro-chefe da safra de grãos",o milho teve a participação -
normalmente de 67% - reduzida para 52,39% na safra cearense do ano
passado.A justificativa dada pela especialista do IBGE é de que ele é o
cereal mais vulnerável à falta de água,"especificamente no período da
formação do grãos". feijão foi outro diretamente afetado pela
estiagem.Detentor de 22% da participação na safra,o produto passou
para 17,38% na última.
Já para os tubérculos e raízes,a mandioca foi a principal afetada pela
seca.Com 468.724 toneladas,o produto apresentou 52,22% menos que o
esperado para 2012 e 43,97% menos que o colhido em 2011."Todos estes
são indicadores de o quanto esta seca foi severa no Estado do Ceará",reforça Regina Feitosa.
Frutas menos impactadas
Entre
as frutas,dos 18 produtos que compõe a lista cearense,13 tiveram sua
colheita reduzida,segundo o levantamento.O texto do relatório destaca
que "mesmo aqueles cultivos que são irrigados tiveram perdas devido ao
racionamento de água".
No entanto,o impacto sobre a previsão da
safra de frutas não chegou a ser tão grande quanto o visto na de grãos.No total,foram obtidas 1,07 milhão de toneladas,o que representa uma
queda de apenas -1,67% ante 2011 e -6,73% em relação à primeira
estimativa de 2012,de 1,15 milhão de toneladas.
Melão e arroz na contramão
Diferente
da maioria dos grãos,frutas e raízes do levantamento do IBGE,o arroz
aumentou de 7% para 21,89% a participação na safra do Estado.Segundo
Regina Feitora,isso deveu-se ao cultivo irrigado,que manteve a
produção estável e abastecida.Outro que também remou contra a maré da
seca foi o melão.Ele saltou de 13% para 20,31% na participação da safra
2012.
Perda total
O relatório evidencia
ainda que,em "diversos municípios" cearenses,seis produtos tiveram
perda total.Fizeram parte dessa lista quatro hectares de amendoim,17
hectares de girassol,280 hectares de feijão de arranca de 1ª safra,359
hectares de arroz de sequeiro,37.186 hectares de grão e 1.175 hectares
de semente de milho,considerado o carro-chefe da safra local.
Cenário para 2013 ainda indefinido
A
previsão oficial da safra 2013 pelo IBGE só deve sair no início de
fevereiro,mas,sobre a expectativa dos agricultores cearenses para este
ano,a coordenadora do Grupo de Coordenação de Estatísticas
Agropecuárias do IBGE no Ceará (GCEA),Regina Feitosa,afirma ainda estar
tudo muito incerto.Desde a última viagem que fez pelo interior,ela
contou de várias opiniões e a dúvida a respeito da incidência de chuva
ao longo do ano.
"O que se fala é plantar menos.A notícia que
anda sendo dada pelos jornais,de haver a possibilidade de 2013 também
ser um ano de seca,anda assustando.Então,o agricultor está receoso,sem saber se vai plantar agora ou se vai esperar mais alguns meses",diz.A coordenadora do IBGE esteve pelo interior cearense em dezembro
colhendo informações sobre a pesquisa Safra e também recebe notícias
constantes das regiões produtivas do Estado.
NE puxará produção
No
País,o IBGE prevê um aumento de 9,9% para a safra agrícola de 2013 em
relação ao ano passado.O crescimento,conforme o órgão,será puxado por
um aumento da produção nas regiões Nordeste (32,3%) e Sul (27,9%).Em
2012,as duas regiões registraram perdas por causa de problemas
climáticos.
A área a ser colhida em 2013 deve crescer 4,0% na
Região Sul e 23,5% no Nordeste.Já a Região Centro-Oeste deve registrar
expansão de 4,1% na área,impulsionada pelos preços de grãos como a soja
e o milho.
Reproduzida do Diario do Nordeste
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