O percentual de vereadoras eleitas no país nas últimas eleições
municipais em 2012, de apenas 12%, revela que a equidade de gênero na
política ainda está longe de ser alcançada. O assunto foi debatido hoje
(8), na capital paulista, no seminário Desafios para a Igualdade de
Gênero nas Eleições Municipais de 2016. O evento foi promovido pelo
Instituto Patrícia Galvão.
Segundo dados coletados pelo Instituto
Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) e pelo Centro Feminista de
Estudos e Assessoria (Cfemea), em 2012 venceram as eleições 7,65 mil
vereadoras (12% do total), contra 49,78 mil vereadores. Candidataram-se
134 mil mulheres (31% do total) e 286 mil homens.
“Um
dos pilares da democracia é que as mulheres participem. As estimativas
dizem que, no Brasil, levaremos 150 anos para atingir a paridade entre
homens e mulheres. O país está entre os 60 com pior desempenho da
presença da mulher no Parlamento”, disse a pesquisadora Adriana Vale
Mota, do Ibam.
A Lei de Cotas estabelece um percentual mínimo de
30% de mulheres no total de candidaturas à Câmara dos Deputados,
Assembleia Legislativa e Câmara Legislativa do Distrito Federal. Cargos
como prefeita, governadora e presidenta, portanto, não estão incluídos.
Apesar
disso, o percentual de mulheres ocupando cargo de prefeita foi
impulsionado pela Lei de Cotas, tendo crescido nas últimas eleições. Em
2012, foram eleitas 665 prefeitas (12% do total), contra 4,95 mil
prefeitos. Candidataram-se 2 mil mulheres (13% do total), contra 13 mil
homens. Em 2008, foram eleitas 504 prefeitas, ou seja, 9,07% do total.
Em 2004, eram 404 prefeitas (7,3% do total).
“Existe um
crescimento, que, em tantos nos, é muito pequeno, não corresponde à
capacidade das mulheres e ao desejo de se verem representadas. A
política de cotas, indiretamente, trouxe um empoderamento das mulheres.
Quando a gente começa a ser vereadora, também quer ser prefeita e ocupar
outros cargos majoritários. Um efeito que acontece nas câmaras de
Vereadores tem impacto também nas prefeituras”, avalia Adriana.
Luís
Felipe Miguel, docente do Instituto de Ciência Política da Universidade
de Brasília, mostra a importância da presidenta eleita Dilma Rousseff
nesse contexto. “A presença da Dilma na presidência tem um componente
simbólico, de mostrar para as meninas que política também é lugar de
mulher. Elas têm pouca ambição porque política é um espaço só de homens.
A mulher, no início da sua socialização, entende que não é bem-vinda.
Por isso, o fato de a campanha contra Dilma ter tido componentes
misóginos é tão grave”, disse ele.
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