Os manancias de 20 municípios cearenses vão secar nos próximos meses.
Após uma quadra chuvosa que não conseguiu elevar o nível das bacias
hidrográficas do Estado, será necessário recorrer a outras fontes para
garantir o abastecimento da população. Itatira, Palmácia, Mulungu,
Baixio, Umari, Ipaumirim, Pereiro, Uruoca, Senador Sá e Catunda têm água
suficiente em seus reservatórios só até julho.
Outros
dez municípios vão ter as fontes básicas de abastecimento extintas
entre agosto e outubro - segundo Hélder Cortez, gerente de Saneamento
Rural da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
A
situação para o segundo semestre, explicam gestores e especialistas
ouvidos pelo O POVO, é mais que preocupante. Quando considerado o
Estado inteiro, 2015 é o quarto ano seguido com precipitações abaixo da
média histórica e seca. Em algumas regiões, entretanto, como a Bacia do
Curu, este é o sexto ano sem água. “O segundo semestre vai ser um
período difícil para vários municípios. E Fortaleza precisa começar a
contribuir com o uso racional de água”, lembra Débora Rios - diretora de
Operações da Companhia Estadual de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh).
Futuro
Se a condição é de
alerta nestes meses que sucedem a quadra chuvosa, a chegada do segundo
semestre assusta. Na maioria dos municípios que terão manancias esvaídos
brevemente, a solução é investir na abertura de poços. Segundo Hélder
Cortez, encontros semanais estão sendo realizadas entre os órgãos que
gerenciam os recursos hídricos no Estado para desenvolver e implantar
soluções. Na sexta-feira, 19, técnicos que estavam no Interior se
reuniram com o gerente para compartilhar a situação e pensar o futuro.
Para junho e julho, a pós-estação, não há perspectiva forte de chuva.
Como este período é caracterizado por sistemas climáticos extremamente
variáveis, não é possível traçar previsões concretas, explica o
meteorologista Leandro Valente, da Fundação Cearenses de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme). Por isso, economizar toda a água armazenada
é fundamental para manter o abastecimento no Ceará.
Em
algumas cidades, poços já começaram a ser cavados. Em Novo Oriente,
distante 397 quilômetros da Capital, o abastecimento vem sendo feito
pelo açude Flor do Campo - que integra a lista de 33 reservatórios
cearenses no volume morto. Pedro Brás, secretário da Agricultura do
Município, aponta os poços como solução. “As autoridades locais estão
preocupadas”, comenta.
Para reforçar a vazão, dois poços que
já existiam dentro do açude estão sendo reativados. Eles foram
construídos por proprietários dos terrenos que deram lugar ao
reservatório e, com o baixo volume, foram encontrados. “O medo é ficar
sem água em dois meses mesmo com os poços”, reconhece Pedro.
Reservas
Segundo
boletim de monitoramento da Cogerh, dos 153 açudes cearenses, 33 estão
no volume morto e 16 estão secos. Além desses reservatórios,
responsáveis majoritários pelo abastecimento, as cisternas e os
carros-pipa entram como alternativas para evitar colapso. Segundo Dedé
Teixeira, secretário estadual do Desenvolvimento Agrário, a situação é
mais confortável nas localidades que tiveram cisternas totalmente
abastecidas. Mas, como os índices de chuvas se diferem entre as regiões,
alguns depósitos só conseguiram a metade da capacidade. “Não pode ter
uso irregular. Ou, em agosto e setembro, o interior começará a ficar
muito dependente do carro-pipa”, diz Dedé. (colaborou Igor Cavalcante).
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As informações são do O Povo Online
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