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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Granjenses estavam entre os trabalhadores que dormiam junto a porcos

Os nomes dos empregadores e das fazendas não foram
divulgados (Fotos: Divulgação/MPT)
Ao menos 20 trabalhadores, sendo quatro adolescentes, são do município de Granja, no Litoral Oeste do Ceará, e estão entre os que foram encontrados pelo Ministério Público do Trabalho dormindo junto a porcos em alojamentos de uma fazenda próximo à praia do Arrombado, em Luís Correia, no Piauí. Eles atuavam na extração da palha da carnaúba e estavam em situação análoga à escravidão.
A fazenda em que os empregados trabalhavam faz parte das 12 propriedades rurais localizadas nos dez municípios piauienses inspecionados pela Operação Projeto Palha Acolhedora, desencadeada entre os dias 20 e 24 deste mês pelo Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego no Piauí. O resultado foi divulgado na última terça-feira, 28, em Teresina, conforme Folha Granjense mostrou aqui.
Segundo o procurador do Ministério Público do Trabalho, José Wellington Soares, os adolescentes (entre 14 e 16 anos) são sobrinhos do contratante e não usavam nenhum tipo de proteção no trabalho.“Calçavam chinelos e sequer usavam luvas. O corte da palha de carnaúba é uma atividade proibida para menores de 18 anos por ser perigosa”, afirmou o procurador.
Em relação aos adultos, o MPT constatou que eles trabalhavam sem alojamento adequado, sem carteira assinada, sem equipamentos de proteção individual e sem condições mínimas de higiene, saúde e segurança. Os trabalhadores não possuíam banheiros e dormiam em alojamentos ao relento ou instalados próximo a porcos.
Em alguns casos, as refeições eram servidas em latas e os trabalhadores comiam sentados no chão, próximos a fezes de animais, relata a fiscalização. Uma das situações que chamou a atenção da força-tarefa foi à reutilização de recipientes de agrotóxicos para armazenamento da água que os trabalhadores bebiam.
“É uma situação que desconfigura totalmente a dignidade do ser humano, transforma o homem em animal também”, afirmou o procurador do Ministério Público do Trabalho, José Wellington Soares. 
Os nomes dos empregadores e das fazendas não foram divulgados pelo MPT. Porém, o órgão diz que recomendou aos arrendatários das propriedades que paralisassem imediatamente as atividades e procurassem o Ministério do Trabalho para regularizar a situação.
O MPT afirmou ainda que vai instaurar inquéritos civis contra os exploradores das terras e os proprietários das fazendas.
Veja imagens produzidas pelo MPT:

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