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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Reservatórios do Ceará acumulam pouco mais de 25% da capacidade

Os últimos três anos foram de precipitações abaixo da média 
e recarga incipiente nos açudes (Foto: Edimar Soares)
O aporte hídrico do Ceará é de apenas 25,23% do volume total. Dos 18.794.867.343 metros cúbicos de água que o Estado tem capacidade para armazenar, existem apenas 4.698.716.839m³ acumulados nos 149 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Algumas regiões têm situação crítica. 
A Bacia do Curu, por exemplo, que possui dez açudes e tem espaço para 1.029.273.000 m3 de água, está com apenas 3,67% do volume. Já a Bacia do Alto Jaguaribe – uma das maiores do Estado, composta por 23 açudes - tem situação mais confortável: dos 2.834.177.911 m3 de capacidade estão preenchidos 45,5%. Com a sequência de três anos com chuvas abaixo da média, o Ceará passa por uma estiagem expressiva.
Os problemas com falta de chuva e relacionamento com o semiárido, entretanto, se arrastam por décadas. Os últimos três anos foram de precipitações abaixo da média e recarga incipiente nos açudes. Das 12 bacias hidrográficas cearenses, seis apresentam volume inferior aos 20%. Em 2012 – ano de início da estiagem – choveu 51% abaixo da média. 
Os anos de 2013 e 2014 tiveram precipitações, respectivamente, 31% e 33% abaixo da média na quadra chuvosa, segundo dados fornecidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). E, com a iminência do El niño acontecer na região do Pacífico, há possibilidade de 2015 também ter poucas chuvas, pois o fenômeno influencia na circulação dos ventos. “Uma previsão de 60% para a ocorrência do El niño, 35% para um evento neutro no Pacífico e uma chance muito baixa de acontecer La niña, 5%. Os anos de El niño são associados com redução de chuvas no Ceará. Mas, como as chuvas não dependem exclusivamente das temperaturas do Pacífico, a previsão ainda é prematura”, explica o meteorologista David Ferran.
Problema reversível
João Abner Guimarães, doutor em Recursos Hídricos e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), afirma que parte dos problemas do semiárido é “perfeitamente resolvível”. Para além da estiagem deste triênio, conforme o estudioso, é necessário pensar em um sistema de capilaridade para abastecimento não apenas urbano, mas rural. “Principalmente, levando em conta a quantidade de carros-pipa em circulação agora. Com esse recurso, os governos poderiam ter feito um amplo programa de adutoras. A energia chegou na casa das pessoas, a água pode chegar também”, opina o professor. Ele critica a falta de continuidade das ações estruturantes – que são paralisadas com as mudanças de gestão pública.
Emergência
O Ceará tem 169 municípios em situação de emergência (por seca ou estiagem) reconhecidos pelo Governo Federal. A condição é fundamental para continuar recebendo verbas e programas mitigadores dos efeitos da seca (operação carro-pipa, bolsa estiagem, garantia-safra, perfuração e recuperação de poços).
Conforme explica Ricardo Adeodato, diretor de Operações da Cogerh, para atender a população de localidades mais afastadas tem sido feito investimento constante em ações emergenciais de distribuição da água armazenada – o gestor destaca a construção das Adutoras de Montagem Rápida (AMR). Para a resolução do problema, entretanto, conforme afirma Ricardo, são os investimentos em obras estruturantes que merecem prioridade. “O Eixão das Águas já está concluído e leva água do Castanhão até o Porto do Pecém. Mas nós temos projetos de ampliação, que devem entrar no orçamento do próximo ano. Temos projetos detalhados com viabilidade. E o Cinturão das Águas, obra estruturante, deverá ter continuidade pelas gestões vindouras”, explica Ricardo Adeodato.

Com informações do O Povo Online

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