Os últimos três anos foram de precipitações abaixo da média e recarga incipiente nos açudes (Foto: Edimar Soares) |
O aporte hídrico do Ceará é de apenas 25,23% do volume total. Dos
18.794.867.343 metros cúbicos de água que o Estado tem capacidade para armazenar,
existem apenas 4.698.716.839m³ acumulados nos 149 açudes monitorados
pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Algumas
regiões têm situação crítica.
A Bacia do Curu, por exemplo, que possui
dez açudes e tem espaço para 1.029.273.000 m3 de água, está com apenas
3,67% do volume. Já a Bacia do Alto Jaguaribe – uma das maiores do
Estado, composta por 23 açudes - tem situação mais confortável: dos
2.834.177.911 m3 de capacidade estão preenchidos 45,5%. Com a sequência
de três anos com chuvas abaixo da média, o Ceará passa por uma estiagem
expressiva.
Os problemas com falta de chuva e relacionamento
com o semiárido, entretanto, se arrastam por décadas. Os últimos três anos foram de precipitações abaixo
da média e recarga incipiente nos açudes. Das 12 bacias hidrográficas
cearenses, seis apresentam volume inferior aos 20%. Em 2012 – ano de
início da estiagem – choveu 51% abaixo da média.
Os anos de 2013 e 2014 tiveram precipitações, respectivamente, 31% e 33% abaixo da média na quadra chuvosa, segundo dados fornecidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). E, com a iminência do El niño acontecer na região do Pacífico, há possibilidade de 2015 também ter poucas chuvas, pois o fenômeno influencia na circulação dos ventos. “Uma previsão de 60% para a ocorrência do El niño, 35% para um evento neutro no Pacífico e uma chance muito baixa de acontecer La niña, 5%. Os anos de El niño são associados com redução de chuvas no Ceará. Mas, como as chuvas não dependem exclusivamente das temperaturas do Pacífico, a previsão ainda é prematura”, explica o meteorologista David Ferran.
Os anos de 2013 e 2014 tiveram precipitações, respectivamente, 31% e 33% abaixo da média na quadra chuvosa, segundo dados fornecidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). E, com a iminência do El niño acontecer na região do Pacífico, há possibilidade de 2015 também ter poucas chuvas, pois o fenômeno influencia na circulação dos ventos. “Uma previsão de 60% para a ocorrência do El niño, 35% para um evento neutro no Pacífico e uma chance muito baixa de acontecer La niña, 5%. Os anos de El niño são associados com redução de chuvas no Ceará. Mas, como as chuvas não dependem exclusivamente das temperaturas do Pacífico, a previsão ainda é prematura”, explica o meteorologista David Ferran.
Problema reversível
João
Abner Guimarães, doutor em Recursos Hídricos e professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), afirma que parte dos
problemas do semiárido é “perfeitamente resolvível”. Para além da
estiagem deste triênio, conforme o estudioso, é necessário pensar em um
sistema de capilaridade para abastecimento não apenas urbano, mas rural.
“Principalmente, levando em conta a quantidade de carros-pipa em
circulação agora. Com esse recurso, os governos poderiam ter feito um
amplo programa de adutoras. A energia chegou na casa das pessoas, a água
pode chegar também”, opina o professor. Ele critica a falta de
continuidade das ações estruturantes – que são paralisadas com as
mudanças de gestão pública.
Emergência
O
Ceará tem 169 municípios em situação de emergência (por seca ou
estiagem) reconhecidos pelo Governo Federal. A condição é fundamental
para continuar recebendo verbas e programas mitigadores dos efeitos da
seca (operação carro-pipa, bolsa estiagem, garantia-safra, perfuração e
recuperação de poços).
Conforme explica Ricardo Adeodato,
diretor de Operações da Cogerh, para atender a população de localidades
mais afastadas tem sido feito investimento constante em ações
emergenciais de distribuição da água armazenada – o gestor destaca a
construção das Adutoras de Montagem Rápida (AMR). Para a resolução do
problema, entretanto, conforme afirma Ricardo, são os investimentos em
obras estruturantes que merecem prioridade. “O Eixão das Águas já está
concluído e leva água do Castanhão até o Porto do Pecém. Mas nós temos
projetos de ampliação, que devem entrar no orçamento do próximo ano.
Temos projetos detalhados com viabilidade. E o Cinturão das Águas, obra
estruturante, deverá ter continuidade pelas gestões vindouras”, explica
Ricardo Adeodato.
Com informações do O Povo Online
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