Face

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Ceará tem 577 poços profundos desativados em plena seca

No terceiro ano consecutivo de estiagem, o Ceará contabiliza pelo menos 577 poços profundos precisando de recuperação. O Estado pode enfrentar mais uma quadra chuvosa insuficiente em 2015 e, atualmente, tem nível crítico de abastecimento dos açudes, com apenas 28,7% do volume. 
A instalação e limpeza de poços já perfurados é uma das ações que podem amenizar a escassez de água no Interior. Até novembro, a Defesa Civil do Estado tem recursos aprovados para concluir a recuperação de 57 poços. A lista de espera para um novo contrato a partir de novembro já conta com 520 localidades em 59 cidades. Desses, apenas 400 serão selecionados na próxima fase da operação. 
Em junho, o jornal O POVO publicou que a lista de solicitações continha 62 cidades. Segundo explica o subtenente Carlos Nascimento, do Núcleo de Engenharia da Defesa Civil, o número diminuiu porque o órgão já elimina os municípios que não atendem os critérios do Ministério da Integração para a liberação de recursos. Os poços precisam ter energia elétrica dentro de um raio de 100 metros, beneficiar o mínimo de famílias e estar situados em sistemas com colapso de água.
A operação em andamento desde abril ainda aguarda a liberação de R$ 2 milhões do Governo Federal e tem até novembro para ser concluída. Após a prestação de contas, o órgão seleciona os 400 poços a serem recuperados em uma nova fase. De junho para agosto deste ano, houve aumento de 500 para 520 localidades pedindo o serviço.
O município de Pindoretama, a 49,3 quilômetros de Fortaleza, é um dos que aguardam ser selecionados pela Defesa Civil de Estado. A espera é por sistemas de bombeamento, caixas d’água, dessalinizadores e chafarizes. Sem estes itens, não se pode retirar água de dois poços nos distritos de Ema e Caponguinha. Os equipamentos chegaram a funcionar há cerca de sete anos e teriam sido retirados pelas gestões municipais anteriores devido a “motivações políticas”, segundo apontam moradores e o coordenador da Defesa Civil do município, Francisco de Assis Lima. Desde o ano passado, o lençol freático da região já não tem água para as cacimbas de muitas famílias. Daí a preocupação recente em reativar os dois poços.
Estudos
Próximo ao limite com o município de Cascavel, as localidades de Vila Nova e Forquilha (distrito de Caponguinha) ainda são abastecidas com um sistema de encanação que leva água de um poço de 78 metros em funcionamento. Mas estudos feitos ali no mês passado sinalizam que a água deve acabar em setembro, explica Francisco de Assis. Desde que foi construído, em 2006, ele perdeu a vazão de 8 mil metros cúbicos por hora e hoje tem vazão de 3,5 mil metros cúbicos por hora. A solução para manter o consumo de 148 famílias seria a recuperação de um poço desativado em Vila Nova. Perfurado há cerca de 18 anos, hoje ele está escondido sob um matagal sem que ninguém consiga ter acesso à água. 
Ao redor do terreno, o sistema de abastecimento que ainda funciona na região libera água apenas entre 6h e 7 horas da manhã. “Quem não tem caixa d’água armazena nos baldes nesse horário”, conta a moradora Geângela Fernandes, 30. “Conseguimos nos organizar para que não falte pelo resto do dia”, garante a dona de casa Anaires da Silva, 29. Na localidade de Forquilha, mais distante e de terreno mais elevado, a escassez é mais sentida.
O distrito de Ema recebe, todos os dias, ajuda do carro-pipa da Defesa Civil do Estado. É lá que 96 famílias aguardam a recuperação de um segundo poço sem funcionar, com 70 metros de profundidade. Com cinco poços já recuperados em maio deste ano pela Defesa Civil, comunidades como Pedrinhas já não precisam da ajuda de carros-pipa para o consumo humano.
28,7% é o volume acumulado de água dos açudes atualmente no Ceará, considerado como nível crítico.

Com informações do O Povo Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário